Estudo da Unesp analisa a morina no tratamento da periodontite e aponta potencial do composto natural das folhas de goiabeira contra bactérias causadoras da doença periodontal.
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, desenvolveram um pó à base de morina, flavonoide encontrado na folha da goiabeira, casca de maçã, figo, amêndoas e alguns chás e que apresentou efeitos antimicrobianos, anti-inflamatórios e antioxidantes contra bactérias ligadas à doença periodontal. A pesquisa foi conduzida durante o doutorado de Luciana Solera Sales, sob orientação de Fernanda Lourenção Brighenti, com apoio da FAPESP, e contou com a colaboração de instituições nacionais e internacionais.

O estudo, publicado na revista Archives of Oral Biology, avaliou a substância em um biofilme multiespécie, que simula a placa bacteriana presente em pacientes com gengivite e periodontite, considerada a sexta condição crônica mais frequente no mundo. Se não tratada, a periodontite pode levar à perda dos dentes. Os resultados reforçam o potencial da morina no tratamento da doença periodontal, como alternativa promissora aos antibióticos tradicionais. A substância pode oferecer uma alternativa a tratamentos já disponíveis que costumam causar efeitos adversos, como alteração do paladar, acúmulo de tártaro e manchas nos dentes.
A inovação está no método de encapsulamento da morina em polímeros como alginato de sódio e goma gelana, resultando em um sistema de liberação controlada. Esse processo aumenta a estabilidade da substância e favorece sua fixação na mucosa bucal e nos dentes, resistindo ao fluxo constante de saliva, o que prolonga a ação terapêutica.
Pesquisadores da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, destacam que o formato final, semelhante ao leite em pó, pode ser incorporado a produtos de higiene bucal, oferecendo praticidade especialmente para idosos e pessoas com mobilidade reduzida, que enfrentam dificuldade para manter a higiene adequada.

Segundo os autores, a morina foi escolhida por ser barata, de fácil acesso e apresentar potencial para prevenir e tratar cáries e inflamações gengivais. Os próximos passos incluem testes em modelos animais e estudos clínicos para avaliar a eficácia e a segurança da morina, além de investigar se o composto ajuda a manter o equilíbrio da microbiota bucal.