Fuga de macacos usados em pesquisas biomédicas levanta questionamentos sobre testes com animais

O capotamento de um caminhão com primatas usados em testes com animais reacendeu debates sobre riscos, sigilo institucional e a falta de controle na indústria científica.

Um acidente ocorrido no dia 28 de outubro, no estado do Mississippi (EUA), reacendeu os debates sobre os testes com animais e a transparência da indústria biomédica. Um caminhão que transportava 21 macacos rhesus capotou em uma estrada rural próxima à rodovia Interestadual 59, levando à fuga de todos os animais.

Caminhão tombado em estrada rural dos EUA, veículo em que ocorreu acidente com macacos usados em testes com animais.
O capotamento de um caminhão de transporte expôs falhas e sigilo nos testes com animais. Foto: Departamento do Xerife do Condado de Jasper, Mississippi

Segundo o Departamento do Xerife do Condado de Jasper, cinco macacos morreram durante as buscas e três continuam desaparecidos. Um deles foi abatido por uma moradora que alegou proteger sua família. “Fiz o que qualquer mãe faria para proteger seus filhos”, declarou Jessica Bond Ferguson à Associated Press, ao relatar que o animal foi visto no quintal de casa.

Os primatas estavam alojados no Centro Nacional de Pesquisa Biomédica da Universidade de Tulane, em Nova Orleans. No entanto, a universidade afirma não ser proprietária dos animais e se recusou a revelar quem é. Em nota, explicou que contratos de confidencialidade impedem a divulgação de informações sobre o transporte, sob justificativa de segurança e proteção de dados sensíveis.

A situação gerou críticas de organizações que atuam contra os testes com animais, especialmente devido à falta de transparência. “Quando um caminhão transportando 21 macacos sofre um acidente em uma rodovia pública, a comunidade tem o direito de saber quem era o dono desses animais, para onde eles estavam sendo enviados e a quais doenças eles podem ter sido expostos”, afirmou Lisa Jones-Engel, consultora científica sênior da PETA.

Ela acrescentou: “É extremamente incomum — e profundamente preocupante — que Tulane se recuse a identificar seu parceiro neste carregamento”.

O episódio evidencia as dificuldades de acesso a informações sobre os bastidores dos testes com animais, mesmo quando o caso envolve risco à saúde pública e mobilização de autoridades. De acordo com Tulane, os 13 macacos recapturados seguem rumo ao destino original e não estavam infectados, contrariando suspeitas iniciais do gabinete do xerife.

Macaco rhesus em ambiente natural, espécie frequentemente usada em testes com animais.
O macaco rhesus é uma das espécies mais utilizadas em testes com animais. Foto: John Raoux/AP.
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

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