Brasil lidera proposta com cinco frentes para avançar o financiamento climático até 2035 e integrar política econômica à agenda de transição verde.
Durante os encontros do FMI e Banco Mundial em Washington, o Brasil apresentou oficialmente o relatório do Círculo de Ministros de Finanças da COP30, grupo que reúne representantes de 35 países. O documento, com 111 páginas, propõe um “Mapa do Caminho de Baku a Belém” com diretrizes para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais em financiamento climático até 2035.

As propostas se baseiam em cinco frentes: ampliar recursos concessionais e fundos climáticos; reformar bancos multilaterais de desenvolvimento; fortalecer bancos nacionais e plataformas de financiamento; atrair capital privado com novos instrumentos e incorporar o risco climático às regulamentações financeiras, incluindo taxonomias e mercados de carbono.
O documento aponta um grande desequilíbrio na distribuição dos recursos. Apenas 10% do financiamento climático global chega aos países emergentes e menos de 5% é destinado à adaptação climática. “Cada ano de atraso aumenta os custos e os riscos climáticos”, alertaram os ministros signatários, entre eles China, Reino Unido, Alemanha, França, México e Emirados Árabes.

Para a secretária de Relações Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, a intenção é integrar as agendas climáticas e macroeconômicas, reposicionando as finanças como parte da solução e não como entrave.
Especialistas apontam avanços, mas também lacunas. Tatiana Oliveira, do WWF-Brasil, elogia o reforço da narrativa político-diplomática, mas critica a falta de mecanismos públicos robustos para financiar adaptação e perdas e danos — áreas historicamente negligenciadas.
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, destacou o papel-chave do setor privado, com potencial para multiplicar investimentos por até 25 vezes. Ele defende a ampliação da capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais, embora reconheça que não será possível atingir a meta de financiamento climático já na conferência de Belém. A diretora executiva da COP30, Ana Toni, também alertou para os riscos de endividamento dos países na busca por recursos para a ação climática.
