A disputa pela preservação ambiental ganha novos capítulos na Amazônia. Enquanto no Brasil a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas teve sua licença negada pelo IBAMA, no Equador, uma forte decisão popular entra em cena.
Após uma consulta popular promovida pelo Equador, com mais de 90% dos votos contados, aproximadamente seis em cada dez cidadãos equatorianos decidiram rejeitar a exploração de petróleo no Parque Nacional Yasuni – um dos biomas mais biodiversos do planeta.
Natalie Unterstell, líder do Instituto Talanoa, afirma: “Os equatorianos querem a transição energética na Amazônia agora. Essa escolha demonstra um desejo por um desenvolvimento livre de emissões.”
A batalha de Yasuní e o apelo global
A questão do Bloco 43-ITT, promovida pelo coletivo ambiental Yasunidos, enfrentou dez anos de desafios jurídicos. Agora, com o veredito popular, a Petroecuador deve encerrar suas operações na região até outubro de 2024.
Antonella Calle Avislés, da ONG Yasunidos, destaca: “Os equatorianos estão tomando medidas reais contra as mudanças climáticas. É um apelo para todos os países da Amazônia.”
O Yasuní: Um tesouro biológico
Desde 1989, o Yasuní é reconhecido pela Unesco como uma reserva mundial da biosfera. Abrigando mais de 2.000 espécies de árvores, além de uma vasta gama de fauna, essa região enfrenta a extração de 55.000 barris de petróleo diariamente, representando 11% da produção nacional equatoriana.
Apesar das cifras bilionárias, a natureza e o povo da região pagam o preço. Guillermo Lasso, presidente do Equador, defende a exploração, enquanto a nação enfrenta a turbulência política da eleição presidencial e a tragédia do assassinato do candidato Fernando Villavicencio.
O Brasil e sua luta ambiental
Suely Araújo, especialista sênior do Observatório do Clima, traça um paralelo entre a situação do Yasuní e da Foz do Amazonas no Brasil. Para ela, apesar das semelhanças, a crença de que o petróleo pode ser a solução para problemas sociais é equivocada.
“O Brasil deveria seguir os passos do Equador, pensando nas futuras gerações e no destino do planeta”, sugere Araújo.
Maristella Svampa, do Pacto Ecossocial e Intercultural do Sul, elogia o compromisso equatoriano com a biodiversidade e os povos indígenas.
Transição energética e conservação
Para Tarsicio Granizo, Diretor do WWF-Equador, a ciência é clara sobre a necessidade de proteção. “O WWF acredita na transição para um modelo de desenvolvimento focado na justiça social e ambiental”, afirma Granizo.
A luta pela preservação da floresta amazônica e a busca por alternativas energéticas sustentáveis tornam-se, dia após dia, não só uma decisão nacional, mas uma causa global. A escolha equatoriana pode, de fato, sinalizar uma nova direção para os países amazônicos.
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