“O futuro da Amazônia depende da clareza com que unirmos esses dois caminhos: o caminho da floresta e o caminho da educação. Ambos são faces do mesmo tesouro, que deve ser guardado não apenas para nós, mas para toda a humanidade, em nome da responsabilidade pública.”
O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas tem assumido, nos últimos tempos, um papel que ultrapassa a fronteira da contabilidade e do cálculo imediato. Nossa missão se expande para uma dimensão mais ampla: a de guardiões de futuros. Futuros que se sustentam tanto na floresta em pé quanto na sala de aula; tanto nos serviços ambientais que o mundo deseja quanto no direito à educação que nosso povo exige.
Ao debater o mercado de carbono em seminário recente, a Corte colocou em evidência a relevância incalculável da Amazônia no cenário global. Nossos ativos ambientais — da capacidade de fixar carbono ao potencial de gerar fármacos e energias limpas — despertam admiração, fascínio e, também, cobiça. A floresta é um patrimônio vivo que precisamos defender com soberania e responsabilidade, transformando serviços ambientais em prosperidade compartilhada para o povo amazônida.

Ao abrir o Congresso Amazônico de Direito à Educação, por sua vez, reafirmamos que a aritmética do controle externo vai além da vigilância de recursos: trata-se de assegurar a equidade, a transparência e a eficiência de políticas que moldam o futuro social da região. Fiscalizar a educação é fiscalizar o amanhã; é garantir que crianças, jovens, indígenas, quilombolas e ribeirinhos tenham acesso à cidadania plena por meio do conhecimento.
Essas duas frentes — carbono e educação — convergem para um mesmo paradigma: o de que preservar e educar são verbos inseparáveis da soberania e do desenvolvimento sustentável. Cuidar da floresta sem cuidar das pessoas é incompleto. Cuidar da educação sem compreender a riqueza da floresta é insuficiente. Só a integração dessas dimensões pode projetar um Amazonas forte, justo e respeitado.

Estamos, portanto, diante de uma nova gramática de governança pública. O controle externo não se limita a apurar desvios; ele se torna instrumento de indução, inspiração e mobilização. Cabe às Cortes de Contas mostrar que é possível transformar responsabilidade em esperança, planilha em cidadania, cálculo em compromisso coletivo.
O futuro da Amazônia depende da clareza com que unirmos esses dois caminhos: o caminho da floresta e o caminho da educação. Ambos são faces do mesmo tesouro, que deve ser guardado não apenas para nós, mas para toda a humanidade. Essa é a convocação que ecoa de nossos debates: somar responsabilidades, dividir compromissos e multiplicar futuros.