Brasil pode liderar economia de baixo carbono, aponta estudo na COP30

Relatório lançado na COP30 destaca o potencial do Brasil em mercados de carbono e os desafios para transformar vantagens naturais em liderança na economia de baixo carbono.

Com vantagens naturais e estruturais, o Brasil está bem posicionado para assumir a dianteira no mercado global de carbono. Essa é a principal conclusão do estudo “Oportunidades para o Brasil em Mercados de Carbono”, apresentado nesta quinta-feira (13) na COP30, em Belém. 

A análise, realizada pela ICC Brasil e pela WayCarbon, destaca que o país reúne condições únicas para alavancar sua liderança em uma economia de baixo carbono, mas precisa superar entraves regulatórios e garantir segurança jurídica para investidores.

O estudo analisa o desempenho e as perspectivas brasileiras em três frentes: o Artigo 6 do Acordo de Paris, o mercado voluntário e o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Hoje, o Brasil já se destaca como um dos principais emissores de créditos no mercado voluntário, com 148 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes geradas.

Painéis solares ou turbinas eólicas em operação sob céu aberto no interior do Brasil, simbolizando energia limpa, uma das bases para impulsionar o protagonismo brasileiro na economia de baixo carbono.
Energia renovável é uma das bases para impulsionar o protagonismo brasileiro na economia de baixo carbono. Foto: Paula Fróes | GOVBA

Durante a COP30, a iniciativa brasileira de formar uma “Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono” ganhou adesão de novos países, incluindo China, União Europeia e Canadá. O objetivo é estabelecer diretrizes comuns para sistemas de monitoramento e verificação (MRV), ampliando a escala e a eficácia dos mercados regulados como instrumento de combate às mudanças climáticas.

Se conseguir implementar plenamente seu potencial de descarbonização, o Brasil poderá suprir até 33% da demanda global por ITMOs — créditos de carbono transferidos entre países conforme o Artigo 6. Para isso, é fundamental avançar na implementação do SBCE, aprovado no fim de 2024, e promover regras claras para a emissão e rastreamento dos créditos, consolidando sua posição de liderança na economia de baixo carbono.

O estudo também projeta que, até 2030, a demanda por créditos regulados e voluntários pode crescer de forma expressiva, atraindo investimentos de longo prazo. Setores como agricultura, energia e uso da terra devem seguir como grandes emissores de créditos, enquanto logística, petróleo e bens de consumo aparecem entre os principais compradores.

Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

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