As chamadas ressacam marítimas mostram cada vez mais que o avanço do mar está consumindo o litoral paulistano e tornando-se uma ameaça crescente para cidades costeiras no país
A expansão das águas do oceano e o aumento do nível do mar não impacta somente pequenas ilhas em regiões remotas do planeta. Essa realidade está cada vez mais próxima do litoral brasileiro, que vem sendo consumido por marés altas.
Segundo informações da Gazeta de S. Paulo, especialistas apontam que o avanço do mar está diretamente ligado ao aquecimento global. O derretimento das calotas polares e a expansão térmica das águas oceânicas têm causado uma elevação acelerada do nível do mar, colocando diversas cidades costeiras em risco pelas chamadas ressacas marítimas.
O que são ressacas marítimas?
As ressacas marítimas são um fenômeno natural que ocorre devido à elevação anormal do nível do mar, influenciada por fatores como a instabilidade climática e fenômenos astronômicos. A passagem de frentes frias e ciclones intensifica as marés por meio de ventos fortes e variações de temperatura, tornando-as mais agressivas.
A baixa pressão atmosférica associada aos ciclones contribui para a concentração e o empilhamento da massa de água em determinadas regiões, resultando em grandes ondas que impactam cidades costeiras e litorais.
Avanço do mar no Brasil
Um estudo da Climate Central identificou sete cidades brasileiras em alto risco devido ao avanço do nível do mar: Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Recife, Porto Alegre, São Luís do Maranhão e Santos. Essas regiões abrigam aproximadamente 2 milhões de pessoas diretamente impactadas pela elevação das águas.
Os efeitos já estão sendo sentidos, tornando urgente a implementação de medidas para mitigar os impactos desse fenômeno e proteger as populações costeiras.
Segundo a Gazeta e o portal Terra, diversas cidades brasileiras já adotam medidas para mitigar os impactos do avanço do mar. No Rio de Janeiro, por exemplo, uma parceria com a NASA foi estabelecida para monitorar a elevação do nível das águas. Recife está realocando moradores de áreas de risco e criando parques que auxiliam na contenção da água. Já Fortaleza aposta na construção de um lago subterrâneo para prevenir alagamentos, enquanto Santos utiliza uma barreira de sacos de areia para conter as ressacas e minimizar os danos costeiros.
Nível de ameaça depende das emissões de carbono
Até o final deste século, avaliações do Climate Central baseadas no conjunto de dados globais CoastalDEM indicam que, sem defesas costeiras, áreas atualmente habitadas por até 420 milhões de pessoas em todo o mundo poderão estar vulneráveis a inundações costeiras anuais, mesmo que haja cortes moderados nas emissões de carbono.
Cenários de emissões descontroladas e a possibilidade de instabilidade precoce das camadas de gelo projetam um aumento do nível do mar que pode ameaçar regiões onde até 630 milhões de pessoas vivem atualmente — 340 milhões das quais estão em áreas previstas para ficarem abaixo da linha da maré alta até 2100.