Amazônia e Orçamento Nacional: O Brasil precisa de um novo pacto com o futuro

Trata-se de inteligência de Estado, de sobrevivência federativa e de futuro nacional. É tempo de reconhecer: a floresta não é o embaraço — é uma solução sustentável.

O Brasil vive, hoje, o esgotamento visível de sua engenharia fiscal e institucional. O orçamento da União — tal como estruturado — tornou-se uma cápsula estanque, onde o passado sequestra o futuro. Segundo a LDO de 2025, se nenhuma reforma for feita, em 2027 100% do orçamento federal estará comprometido com despesas obrigatórias.

Um cenário de paralisia institucional

O presidente da República eleito no próximo ciclo terá a caneta, mas não os recursos para governar. Um cenário de paralisia institucional que precisa ser enfrentado com coragem, lucidez e visão estratégica. Do ponto de vista amazônico, essa é também uma oportunidade histórica de reposicionamento nacional.

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A Amazônia industrial como pilar de sustentação nacional

A floresta em pé não é sinônimo de economia parada. Ao contrário, o modelo Zona Franca de Manaus provou, nas últimas décadas, que é possível produzir com responsabilidade socioambiental. A indústria da Amazônia, que muitos ainda tratam como exceção, já deveria estar no centro da estratégia de reconstrução do Brasil.

O problema do Brasil não é a escassez de recursos, mas a má alocação estrutural do orçamento

É preciso um novo pacto federativo que reconheça o papel da Amazônia — não apenas como bioma a ser preservado, mas como território produtivo, inovador e promissor, sobretudo no que diz respeito à industrialização sustentável dos bioativos da floresta.

A biotecnologia da floresta é a inteligência institucional que o estado brasileiro precisa cultivar

O Brasil clama por soluções com baixa emissão de carbono, por transição energética e novas matrizes industriais. Ora, os bioativos amazônicos são a base de cadeias produtivas com altíssimo valor agregado, sobretudo para os setores de alimentos funcionais, cosméticos, medicamentos, biomateriais e nanotecnologia.

A floresta em pé não é sinônimo de economia parada. Ao contrário, o modelo Zona Franca de Manaus provou, nas últimas décadas, que é possível produzir com responsabilidade socioambiental. A indústria da Amazônia, que muitos ainda tratam como exceção, já deveria estar no centro da estratégia de reconstrução do Brasil.

Reformas e coragem: um novo Brasil começa com outra geografia de poder

A crise fiscal não é apenas contábil — é uma crise de prioridades políticas e de governança territorial. Em vez de sufocar a União com vinculações, indexações e gastos automáticos, é necessário empoderar as regiões que têm potencial para crescer com sustentabilidade. A Amazônia é uma delas. E talvez a mais importante.

O futuro do Brasil passa pela floresta

O Brasil precisa de um novo pacto. Mas não será possível firmá-lo sem a inclusão estratégica da Amazônia no centro do planejamento nacional. Não há saída para a crise fiscal se não houver descentralização de oportunidades, se não houver investimento em bioeconomia, e se não houver reconhecimento do papel da indústria amazônica como vetor de modernização do país.

É tempo de reconhecer: A floresta não é o problema — é a solução

Não se trata apenas de justiça regional. Trata-se de inteligência de Estado, de sobrevivência federativa e de futuro nacional. É tempo de reconhecer: a floresta não é o embaraço — é uma solução sustentável.

Yara Amazônia Lins
Yara Amazônia Lins
Yara Amazônia Lins é conselheira e presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM). Pós-graduada em Ciências Contábeis pela UFAM e reúne um portfólio robusto em Espírito Publico nos seus mais de 40 anos de serviços prestados ao TCE-AM. Em seu atual mandato tem direcionado esforços, dentro das competências do órgão e da função que ocupa, para maiores realizações de valorização da Amazônia e da preservação do Meio Ambiente.

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