“Ao aplaudir a Amazônia, o Brasil reconhece que o futuro da ciência e tecnologia precisa ser diversificado, adensado e interiorizado — exatamente como a Zona Franca de Manaus vem defendendo há mais de seis décadas”.
O significado do reconhecimento nacional ao ecossistema de inovação da Amazônia
O retorno do Prêmio Finep de Inovação, após uma década de interrupção, trouxe mais do que uma celebração à inventividade brasileira. A edição de 2025, realizada na sede da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM), transformou Manaus em palco nacional da inovação. Pela primeira vez em muito tempo, o Brasil aplaudiu em uníssono as iniciativas de ciência e tecnologia que florescem fora do eixo Rio–São Paulo.
Com 12 projetos finalistas, o Amazonas mostrou que seu ecossistema de inovação é vital para a diversificação, o adensamento e a interiorização do modelo Zona Franca de Manaus. A indústria incentivada, representada por empresas com vínculo direto ou indireto ao CIEAM – Centro da Indústria do Estado do Amazonas, mostrou-se articuladora de uma agenda de futuro: transformar a floresta em pé em vetor de prosperidade sustentável.
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Uma história de resistência e reinvenção
Desde o século XIX, a Amazônia enfrenta desafios institucionais para consolidar sua base científica. A concentração de recursos no Sudeste sempre dificultou a expansão do conhecimento na região. Ainda assim, o Amazonas construiu uma trajetória singular: universidades, institutos de pesquisa, startups e empresas do Polo Industrial passaram a se articular em torno da inovação como motor de desenvolvimento.
Nesse movimento, o Jaraqui Valley simboliza a força empreendedora local, enquanto o Polo Digital de Manaus articula os desafios mais promissores entre bioeconomia, TIC e indústria. Esses ecossistemas são a ponte para que a Zona Franca cumpra seu destino estratégico: diversificar cadeias produtivas, adensar conhecimento e interiorizar oportunidades no território.
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O marco do Prêmio Finep
Na cerimônia regional, o Amazonas foi o estado mais premiado do Norte. Entre os vencedores, o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em parceria com a empresa Getter, destacou-se na categoria Transformação Digital da Indústria, aplicando inteligência artificial à bioindústria amazônica.
Não é coincidência: muitas das empresas finalistas estão diretamente ligadas ao Polo Industrial de Manaus e ao CIEAM. Essa conexão mostra que a indústria incentivada é capaz de financiar e induzir inovação em setores estratégicos, ampliando o alcance do modelo ZFM para além da manufatura tradicional.
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O que significa esse aplauso
O reconhecimento à ciência e tecnologia do Amazonas vai além de um troféu: É diversificação que amplia a matriz produtiva, incorporando bioeconomia, inteligência artificial, energia limpa e saberes tradicionais às cadeias industriais já consolidadas. É adensamento que transforma conhecimento científico em tecnologia aplicada, fortalecendo institutos de pesquisa e startups conectados ao Polo Industrial. E é, finalmente, Interiorização para expandir o impacto nos municípios do interior, criando emprego, renda e novas oportunidades em regiões ainda marginalizadas.

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Desafios que permanecem
O Amazonas já não enfrenta desigualdades no acesso a editais, começa a atrair municípios mais distantes, embora padeça ainda a carência de infraestrutura científica. Mas o selo Finep, conquistado pelas performances do Amazonas, com apoio efetivo da FIEAM e das empresas associadas ao CIEAM, sinaliza que a região pode avançar e superar seus gargalos. Um deles é a falta de projetos onde sobram recursos, especialmente por parte da FINEP. Temos que enfrentar este obstáculo e podemos fazê-lo em mutirão.
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Um novo pacto de futuro
A vitória do Amazonas no Prêmio Finep um convite que reforça essa jornada compartilhada. O país inteiro começa a reconhecer que o Polo Industrial de Manaus não é um enclave fiscal, mas um plataforma de inovação e sustentabilidade capaz de liderar o Brasil rumo à economia verde.
Ao aplaudir a Amazônia, o Brasil reconhece que o futuro da ciência e tecnologia precisa ser diversificado, adensado e interiorizado — exatamente como a Zona Franca de Manaus vem defendendo há mais de seis décadas.