Trump ataca agenda climática e provoca o fim da aliança climática global de bancos

Com saída de bancos de Wall Street, aliança criada pela ONU é desfeita. Fim da aliança climática global de bancos expõe fragilidade de compromissos ambientais no setor financeiro

A aliança climática global de bancos, principal iniciativa do setor financeiro para zerar emissões líquidas de carbono, encerrou oficialmente suas atividades quatro anos após sua fundação. Criada em 2021 sob coordenação da ONU (UNEP FI), a aliança chegou a reunir instituições responsáveis por mais de 40% dos ativos bancários globais. No entanto, perdeu força após intimidações de Donald Trump, que intensificou pressões políticas contra bancos com metas ambientais.

Donald Trump, durante seu mandato, assinando ordem executiva; pressão política do ex-presidente levou à debandada de bancos da aliança climática global.
Foto: Reprodução/Flickr/White House.

A saída dos principais bancos de Wall Street, estimulada por ameaças do Partido Republicano, precipitou o colapso da coalizão. Em nota, os membros restantes decidiram pela transição da aliança climática de bancos para um formato não associativo, esvaziando seu papel de coordenação climática no setor financeiro.

Críticos do chamado “investimento sustentável” divergem quanto ao impacto da iniciativa. Para a organização ShareAction, o fim da aliança representa um retrocesso preocupante. Já a ONG Reclaim Finance afirma que a coalizão foi ineficaz desde o início, funcionando mais como ferramenta de greenwashing do que como instrumento de mudança real.

Um relatório recente reforça essa crítica. Segundo o estudo The Money Trail Behind Fossil Fuel Expansion in Latin America and the Caribbean, grandes bancos integrantes da aliança climática global de bancos financiaram, entre 2022 e 2024, cerca de US$ 129 bilhões em projetos de petróleo e gás na América Latina e Caribe. Diversos projetos ocorriam em áreas ambientalmente sensíveis e Territórios Indígenas. O espanhol Santander lidera os aportes, seguido por JPMorgan Chase, Citigroup, Scotiabank, além dos brasileiros Itaú Unibanco e BTG Pactual.

Mesmo com políticas ambientais em vigor, especialistas apontam falhas graves nos critérios de financiamento, permitindo aportes corporativos a empresas que atuam na Amazônia. Um exemplo é a Petrobras, que recebeu investimentos mesmo pleiteando licença para explorar petróleo na bacia da Foz do Amazonas. O caso ilustra os limites das promessas climáticas no setor bancário frente a interesses econômicos e pressões políticas.

Imagem de infraestrutura de petróleo financiada por membros da aliança climática global de bancos
Exploração de petróleo pela Petrobras. Estudo aponta que membros da aliança climática global de bancos financiaram expansão fóssil mesmo durante vigência da coalizão. Foto: Divulgação
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

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