A própria economia é que perde com a tesourada na ciência

O governo usou mais uma artimanha para bloquear recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma das principais fontes de verbas para a ciência e a tecnologia, apontam especialistas

“Não podemos deixar a criança que existe entre nós parar de sonhar” A.L

Há poucos meses, alertávamos que a ciência brasileira estava por um fio. Hoje, diante do criminoso corte quase total nas verbas que iriam para financiar pesquisas científicas, podemos dizer que ela acabou. O governo usou mais uma artimanha para bloquear recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, uma das principais fontes de verbas para a ciência e a tecnologia.

Estávamos esperançosos. Juntamente com as verbas para os radiofármacos, utilizados em exames e tratamento contra o câncer, o PNL 16 liberava, enfim, parte dos recursos do FNDCT. Eram R$ 655 milhões dos R$ 2,2 bilhões que já estavam previstos para o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação este ano. Argumentou-se que a pasta de Ciência não utilizou os outros R$ 2,3 bilhões que já haviam sido liberados este ano, mas se omitiu que esses recursos são os reembolsáveis, ou seja, é uma parte do orçamento que serve apenas para dar crédito a empresas por projetos na área a juros altos e que voltam aos cofres públicos caso não utilizados.

Especialistas apontam que, mesmo com o contingenciamento proibido por lei no início do ano, a Economia foi liberando recursos desse fundo a conta-gotas e tardiamente, para que o MCTI não tenha tempo hábil de executá-los até o fim do ano. Sobra dizer que esse dinheiro seria usado para recuperar parte da infraestrutura de laboratórios e equipamentos de grande porte perdidos com os sucessivos cortes de verbas, além de pesquisas de relevância, como as ligadas ao enfrentamento da pandemia. Até quando o Congresso vai tolerar isso e ignorar que a própria economia brasileira perde com a tesourada na ciência? É urgente, portanto, que o Senado reverta esse corte. É a nossa última esperança.

Fonte: O Estado de S.Paulo

Redação BAA
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Redação do portal BrasilAmazôniaAgora

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