Geleiras suíças perdem 25% do volume em 10 anos e alertam para fim do gelo alpino

Satélites mostram o encolhimento drástico das geleiras suíças: o derretimento ameaça reservas de água e produção de energia em meio à crise climática europeia.

As geleiras suíças perderam um quarto de seu volume nos últimos dez anos, evidenciando a rapidez com que o aquecimento global avança nos alpes suíços. O dado foi divulgado pela rede GLAMOS (Observatório Suíço de Monitoramento de Geleiras), que aponta 2025 como um ano de derretimento severo, comparável aos níveis recordes observados em 2022.

A perda, estimada em 3% apenas em 2025, ocorreu em meio a um inverno com baixa precipitação de neve e verões marcados por ondas de calor extremo. A tendência segue um padrão de aceleração contínua nas últimas décadas: entre 1990 e 2000, a redução foi de 10%; entre 2000 e 2010, 14%; e entre 2010 e 2020, chegou a 17%. No período de 2015 a 2025, o encolhimento atingiu 24%.

Geleiras em 2016. Foto 1: União Europeia/Copernicus Sentinel-2
Geleiras em 2016. Foto 1: União Europeia/Copernicus Sentinel-2

Imagens do satélite Copernicus Sentinel-2 revelam de forma precisa a dimensão do encolhimento dos glaciares. O glaciar de Gries, localizado no cantão de Valais, perdeu cerca de seis metros de espessura apenas entre setembro de 2024 e setembro de 2025. Desde 2000, esse glaciar já recuou cerca de 800 metros e, desde o século XIX, perdeu 3,2 km de extensão.

A situação também é crítica em outras geleiras suíças, como a do Ródano, que perdeu mais de 100 metros de espessura em 20 anos. Segundo Matthias Huss, diretor da GLAMOS, esse processo é irreversível para diversas formações.

Além da dimensão ecológica, o derretimento impacta o abastecimento de água potável e a geração de energia hidráulica, setores estratégicos para a Suíça. O país, que sofre com um aquecimento duas vezes mais intenso que a média global, já perdeu mais de 1.100 geleiras suíças desde os anos 1970. Cientistas alertam que, mesmo com as emissões globais estabilizadas, a maior parte do gelo alpino desaparecerá até o final do século.

Imagem aérea do vilarejo suíço de Blatten soterrado por rochas, água e lama após derretimento das geleiras suíças e instabilidade do permafrost.
Vista aérea de Blatten, no cantão de Valais, soterrado por detritos após deslizamento causado pelo degelo do permafrost e pelo colapso de encostas instáveis — um dos riscos crescentes associados ao derretimento das geleiras suíças. Foto: Keystone/SDA

Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu
Bruna Akamatsu é jornalista e mestre em Comunicação. Especialista em jornalismo digital, com experiência em temas relacionados à economia, política e cultura. Atualmente, produz matérias sobre meio ambiente, ciência e desenvolvimento sustentável no portal Brasil Amazônia Agora.

Artigos Relacionados

Honda projeta a Zona Franca como vitrine mundial de sustentabilidade às vésperas da COP30

Em 2019, quando a Honda anunciou um investimento de R$ 500 milhões em sua fábrica de Manaus, muitos enxergaram naquele gesto mais do orçamento que uma decisão empresarial. Era uma declaração de confiança na Zona Franca de Manaus, na Amazônia e na própria ideia de que a indústria da floresta poderia se manter viva e competitiva diante de crises. O aporte se destinava a modernizar equipamentos, integrar processos de motores, otimizar logística e elevar padrões de sustentabilidade ambiental e de bem-estar no trabalho.

UCB Power avança em projetos que levam energia limpa a comunidades remotas na Amazônia

UCB Power lidera soluções em armazenamento de energia para levar eletricidade limpa a regiões isoladas do Brasil.

As verdadeiras ameaças do Agro

"A blindagem do agro é paga com o suor...

Mobilidade metropolitana

"A mobilidade metropolitana segue sem publicidade da eficiência dos deslocamentos, apesar...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor, insira seu comentário!
Digite seu nome aqui