Sem predadores como a onça-pintada, outras espécies de animais podem se reproduzir de forma descontrolada, o que traria enormes prejuízos ambientais
Espécie emblemática das matas brasileiras, a onça-pintada é o maior felino das Américas e peça importante para as ações de conservação. Entretanto, é classificada pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) como espécie vulnerável. Com o objetivo de sensibilizar a população sobre sua importância e alertar para a necessidade de preservar a espécie, foi criado o Dia Nacional da Onça-pintada, estabelecida pelo Ministério do Meio Ambiente em 16 de outubro de 2018 e comemorada em 29 de novembro.
A onça-pintada exerce um papel fundamental em seu habitat como “espécie guarda-chuva”. Isso significa que, ao proteger as áreas onde ela vive, outras espécies também são beneficiadas, já que a onça necessita de um ecossistema saudável para sobreviver. Por ser um predador de topo, a onça controla a população de outras espécies, mantendo o equilíbrio ecológico. Ao predar animais herbívoros, como capivaras e veados, ela evita que essas populações cresçam de forma descontrolada, o que poderia levar à degradação da vegetação local.
Quais são as principais características da onça?
Com pelagem amarelo-dourado e pintas pretas na cabeça, pescoço e patas, a onça é uma espécie territorial, que necessita de grandes áreas de floresta preservada para se alimentar e reproduzir. Ela habita diversos ecossistemas, incluindo florestas tropicais, savanas, pântanos e áreas de cerrado. Seu território se estende desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, mas a Amazônia é o principal refúgio desse grande predador. No Brasil, a maior população de onças-pintadas encontra-se na região amazônica, seguida pelo Pantanal e o Cerrado.
Fazem parte do grupo dos grandes felinos, que incluem também leões, tigres, leopardos e leopardo-das-neves.
Por que a onça-pintada está em extinção?
Ameaçada pela perda de habitat, caça ilegal e conflitos com atividades humanas, a onça-pintada está na lista de espécies quase ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O status de avaliação muda conforme o bioma no qual ela vive: a situação é mais delicada na Caatinga, onde o animal está criticamente ameaçado de extinção e no qual o próprio bioma semiárido não é foco de ações de conservação.
Por isso, preservar a onça-pintada é um compromisso essencial – e urgente – para o Brasil, o que implica em preservar os biomas em que a espécie vive. “Ela é muito sensível à presença humana. Precisa de grandes áreas nativas bem preservadas para sobreviver. É um animal solitário e territorialista que precisa do seu espaço”, diz Cláudia Bueno de Campos, bióloga e coordenadora do Programa Amigos da Onça, do Instituto para a Conservação dos Carnívoros Neotropicais – Pró-Carnívoros, ao g1.
Atualmente, a onça-pintada é protegida por diversas unidades de conservação geridas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além de contar com o Plano Nacional (PAN) de Conservação da Espécie.
Quais as curiosidades sobre a onça-pintada?
- É o maior felino das Américas: com uma média de 80 a 100 kg, podendo chegar a mais de 135 kg, a onça-pintada é o maior felino do continente americano e o terceiro maior do mundo, atrás apenas do tigre e do leão.
- Mordida poderosa: possui uma das mordidas mais fortes entre todos os felinos. Sua mandíbula é tão poderosa que ela consegue perfurar o casco de tartarugas e o crânio de suas presas. Essa força permite que ela caçe presas grandes, como capivaras, antas e até jacarés.
- Onça Negra: algumas têm coloração mais escura, sendo conhecidas como onças negras ou “panteras negras”. Esse fenômeno, chamado de melanismo, ocorre devido a uma variação genética. Apesar de serem escuras, as pintas típicas ainda são visíveis sob a luz certa.
- Simbologia e mitologia: em diversas culturas indígenas da América Latina, a onça-pintada é vista como um símbolo de força, poder e espiritualidade. Muitas tribos a consideram uma guardiã da floresta e a respeitam como um animal sagrado.
- Cada onça é única: as manchas na pele das onças são únicas, como uma espécie de “impressão digital”, que nunca se repete, o que pode ajudar na identificação de cada indivíduo da espécie.