Um painel solar possui duração em torno de duas a três décadas, mas com a nova tecnologia poderá ser reciclado e utilizado por um período maior sem comprometimento de eficiência
Um dos maiores problemas na produção de painéis solares – o uso do silício – foi driblado por pesquisadores chineses no desenvolvimento de um novo tipo de módulo fotovoltaico. A fabricante chinesa Trina solar criou o primeiro painel solar de silício cristalino totalmente reciclado, reutilizando materiais como prata, alumínio, vidro e o próprio silício de outros módulos que seriam descartados. Presente no Brasil desde 2017, a Trina solar está entre as fabricantes de painéis solares com maior participação no mercado brasileiro.
A inovação evidencia o potencial de sustentabilidade por trás dessa indústria, mostrando que é possível reutilizar materiais em sua produção sem perder a eficiência na geração de energia.
Por que usa-se silício no painel solar?
O silício é um protagonista na criação de placas fotovoltaicas porque possui uma alta eficiência na conversão da luz solar em eletricidade. Isso significa que ele pode gerar uma quantidade significativa de energia a partir da luz que recebe, sendo um elemento importante na transição energética mundial.
Entretanto, desde sua extração, o manejo do silício pode representar uma ameaça de impactos ambientais negativos. A mineração de areia para silício pode causar degradação ambiental, incluindo perda de habitat e poluição da água. Além disso, a produção de silício envolve processos industriais que consomem energia e podem liberar poluentes, como gases tóxicos. Seu descarte também é uma preocupação: embora muitos possam ser reciclados, a infraestrutura para reciclagem ainda está em desenvolvimento em algumas regiões.
Novo marco sustentável
A reciclagem de painéis de silício feita pela Trina solar é possível por meio de 37 tecnologias de reciclagem patenteadas por seus pesquisadores, que permitem reutilizar os materiais mantendo a eficiência. Entre as técnicas empregadas para a reciclagem estão agentes desmoldantes, tecnologias de ataque químico usadas com o objetivo de dissolver materiais indesejados, além de métodos de extração de prata por meio de tratamentos úmidos.
O novo painel conta com a alta tecnologia de células TOPCon, uma das mais promissoras para painéis de silício, potência superior a 645 watts e eficiência de conversão de 20,7%. O número não é distante de painéis tradicionais, apesar de manter-se abaixo dos 25% de conversão alcançados por painéis recém saídos de fábrica.
Os esforços da companhia, além de significativos para a minimização de impactos ambientais na produção de painéis para energia solar, se alinham a diretrizes da política energética da União Europeia, publicada em 2012, que determina que 85% das placas solares devem ser coletadas centralmente e 80% dos materiais devem ser reciclados. Seu sistema de reciclagem de materiais não apenas traz uma solução chave para a desmantelação em massa de módulos fotovoltaicos após o fim de sua vida útil, mas também traz um estímulo ao desenvolvimento de mais técnicas sustentáveis dentro dessa indústria.
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