Um estudo recente elaborado pela consultoria alemã Roland Berger, intitulado “Panorama da Sustentabilidade no Brasil”, trouxe à tona uma visão ampla sobre o cenário atual dos investimentos em sustentabilidade nas empresas brasileiras. De acordo com a pesquisa, existe uma grande disparidade nos níveis de investimento em práticas sustentáveis, com 46% das empresas destinando menos de 1% de sua receita para tais iniciativas, enquanto somente 18% aplicam mais de 5% do seu faturamento em sustentabilidade.
Desigualdade setorial nos investimentos
A pesquisa destaca que o compromisso com a sustentabilidade varia significativamente entre os setores. Na indústria, um terço das empresas parece estar mais engajado, com 33% delas investindo mais de 5% de seu faturamento em sustentabilidade. Por outro lado, o setor de consumo e varejo mostra-se menos propenso a grandes investimentos na área, com 53% das empresas investindo menos de 1% de seu faturamento.
Expectativas e percepções
Interessantemente, apesar de um cenário atual menos otimista, metade dos entrevistados manifestou expectativa de aumento nos investimentos em sustentabilidade para o próximo ano. A percepção da importância de tais práticas também varia dentro das organizações. Enquanto a alta liderança demonstra uma forte convicção na relevância da sustentabilidade — 84% a consideram central para a estratégia do negócio — essa visão é significativamente reduzida nos outros níveis hierárquicos, com apenas 42% dos demais funcionários vendo o tema como importante.
Barreiras e desafios
O estudo sugere que a diferença de percepção pode ser atribuída à falta de implementação prática de ações de sustentabilidade no dia a dia das empresas, falhas na comunicação interna e a ausência de alinhamento entre metas sustentáveis e os incentivos oferecidos aos funcionários. Além disso, enquanto 69% dos diretores estão cientes dos indicadores de sustentabilidade, essa conscientização cai para 53% entre os demais funcionários, com 50% deles expressando incertezas sobre como mensurar os impactos da sustentabilidade.
Benefícios e incentivos
Os benefícios percebidos do investimento em sustentabilidade são diversos, liderados pelo fortalecimento da reputação da marca (77% dos entrevistados), seguido pelo aumento da confiança dos investidores (41%) e pela garantia de preferência do consumidor (38%). A inovação, a disponibilização de recursos, e a redução de custos foram também mencionados como vantagens importantes, assim como o aumento da resiliência frente a novas legislações, especialmente relevante para o setor de energia e infraestrutura.
Conclusões e perspectivas futuras
O levantamento conclui que, apesar das dificuldades e da baixa visibilidade quanto ao retorno sobre os investimentos — o maior obstáculo apontado por 25% da alta liderança —, a maioria dos participantes (76%) acredita que investir em sustentabilidade no Brasil é benéfico e necessário. O estudo também aponta para uma tendência de sofisticação e diversificação nas ações sustentáveis das empresas, incluindo temas como gestão de resíduos, energias renováveis e eficiência no uso de recursos naturais.
Este panorama serve como um chamado à ação para empresas que ainda hesitam em investir em sustentabilidade, destacando não apenas as oportunidades de melhoria e inovação, mas também a importância crescente de práticas sustentáveis no cenário empresarial e social brasileiro.
*Com informações Revista Exame
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