Um novo relatório intitulado “Cartografias da violência na Amazônia”, lançado na última quinta-feira (30 de novembro) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Mãe Crioula, destaca um preocupante crescimento das facções criminosas na Amazônia e sua associação com crimes ambientais. O estudo sublinha que o fortalecimento desses grupos representa uma séria ameaça à segurança e à preservação ambiental da região.
Segundo o relatório, 22 facções criminosas nacionais e estrangeiras atuam na Amazônia Legal, afetando 178 dos 772 municípios da região. Isso representa um quarto das cidades, com 80 delas vivenciando disputas entre facções. O impacto desses grupos se estende além do tráfico de drogas, envolvendo-se também em ilícitos como desmatamento, incêndios, grilagem e garimpo ilegal.
Dados alarmantes apontam que um terço dos moradores da Amazônia vive em áreas conflagradas por essas facções, totalizando cerca de 8,3 milhões de pessoas expostas a uma rotina marcada por violência extrema. Adicionalmente, 59% da população da região, ou aproximadamente 15,4 milhões de pessoas, vivem sob o domínio de ao menos um grupo criminoso
Este cenário de dominação do crime organizado se reflete nos indicadores de violência. A taxa de mortes violentas intencionais na região em 2022 foi de 33,8 por 100 mil habitantes, significativamente acima da média nacional. A região também registrou taxas mais elevadas de feminicídios e estupros em comparação com o restante do país.
Além dos crimes violentos, a pesquisa revela um aumento substancial nos crimes ambientais. Entre 2018 e 2022, houve um incremento de 85,3% nos crimes ligados ao desmatamento, 51,3% em incêndios criminosos e 275,7% em ocorrências relacionadas à grilagem. A exploração do ouro também cresceu exponencialmente, sugerindo a existência de esquemas de lavagem e legalização de minério extraído ilegalmente, incluindo em Terras Indígenas.
Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança, enfatiza que o controle criminoso sobre grande parte da população amazônica é um obstáculo sério para iniciativas ambientais e para o desenvolvimento sustentável da região.
Ele destaca que o combate ao crime é fundamental para a proteção do meio ambiente e para o avanço de políticas eficazes de conservação na Amazônia.
*Com informações CLIMA INFO
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