A XDI, uma das maiores plataformas de análise de riscos climáticos do mundo divulgou um novo relatório; Brasil possui relevante risco de eventos climáticos extremos
Quando nos deparamos com eventos climáticos extremos, como a chuva que atingiu o Litoral Norte de São Paulo, as ondas de calor na Argentina ou a seca na Europa, fica evidente que a crise climática deixou de ser um alerta e se tornou uma realidade que precisamos combater urgentemente.
Além de ações para evitar as mudanças climáticas, é preciso prever e se preparar para os eventos climáticos extremos. Um novo relatório da Cross Dependency Initiative (XDI) analisou como o aumento de eventos climáticos extremos e outros impactos climáticos podem ameaçar infraestrutura importante em mais de 2.600 estados e províncias em todo o mundo até 2050. O objetivo do relatório é ajudar líderes empresariais e políticos a tomar decisões acertadas no contexto da crise climática.
O estudo aponta que os EUA, a China e a Índia são os países que concentram as regiões de maior risco. Brasil, Paquistão e Indonésia também foram citados como países que possuem províncias e Estados dentro do ranking das 50 localidades mais expostas aos eventos climáticos extremos.
A análise revela que tanto as inundações no interior quanto as costeiras representam os maiores riscos para a infraestrutura física. O relatório também examinou os perigos do calor extremo, incêndios florestais, movimento do solo, vento extremo e degelo.
Os pesquisadores afirmam que esta é a mais abrangente análise de dados deste tipo: foram usados dados sobre os danos reais e previstos para o período de 1990 a 2050. Os cientistas usaram como base um cenário climático “pessimista” do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que previu o que aconteceria se as temperaturas atingissem três graus Celsius acima dos níveis pré-industriais até final do século.
No geral, descobriu que a Ásia, e a China em particular, seriam os mais afetados com 114 das 200 regiões de maior risco. Para a China, as regiões de maior risco foram principalmente ameaçadas pelo aumento do nível do mar e inundações.
“Em termos de escala geral de risco de danos e em termos de escalada de risco, a Ásia tem mais a perder com o aumento do clima extremo das mudanças climáticas e mais a ganhar com a prevenção do agravamento das mudanças climáticas e a aceleração do investimento resiliente ao clima”, CEO da XDI Rohan Hamden disse, como o Independent relatou.
Depois da China, os Estados Unidos são o país com os estados mais ameaçados em geral. A Flórida foi a mais ameaçada e ficou em 10º lugar no geral, com a Califórnia em 19º, Texas em 20º e Nova York em 46º, de acordo com o XDI. O aumento do nível do mar também foi uma grande ameaça para muitos estados dos EUA.
A Índia tinha nove regiões ameaçadas no top 50, de acordo com a Reuters. Juntos, Índia, China e Estados Unidos representam 80% da lista dos 50 primeiros, disse a XDI.
Impacto e prevenção
Com os principais centros industriais e econômicos da China e dos Estados Unidos entre as regiões mais vulneráveis do mundo, os dados ressaltam a necessidade urgente dos governos se concentrarem na descarbonização e em medidas de adaptação, como proteção contra enchentes – e mostram que as consequências econômicas das mudanças climáticas podem ser graves e generalizadas.
Como exemplo, os pesquisadores citam Jiangsu, a região de maior risco e responsável por um décimo do Produto Interno Bruto da China. “O investimento em infraestrutura tende a se concentrar em áreas tradicionalmente de alto risco – deltas de rios, zonas costeiras e áreas relativamente planas”, disse Hamden.
O relatório pode impactar decisões de investimento à medida que as empresas reavaliam os riscos financeiros com base na exposição relacionada às mudanças climáticas em áreas vulneráveis. “As pessoas que estão procurando construir uma fábrica, estabelecer uma cadeia de suprimentos que envolva esses estados e províncias vão pensar duas vezes sobre onde estão”, disse Mallon.
Outras regiões ameaçadas
Outros centros econômicos ameaçados incluem Pequim, Buenos Aires, Ho Chi Minh City, Jacarta, Mumbai, São Paulo e Taiwan. Austrália, Bélgica, Canadá, Alemanha e Itália também têm estados e províncias entre os 100 primeiros.
Na Europa, a região da Baixa Saxônia, na Alemanha, está em maior risco, enquanto a região do Vêneto, na Itália, é a quarta colocada.
De acordo com a XDI a análise foi divulgada a pedido de investidores. “Como a extensa infraestrutura construída geralmente se sobrepõe a altos níveis de atividade econômica e valor de capital, é imperativo que o risco físico da mudança climática seja adequadamente compreendido e precificado”, finalizou o CEO da XDI, Rohan Hamden.
“As pessoas que desejam construir uma fábrica, estabelecer uma cadeia de suprimentos que envolva esses estados e províncias vão pensar duas vezes sobre onde estão”, disse Mallon, segundo a AFP.
Fonte: CicloVivo
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