A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, se deparou com uma série de comandantes que não haviam nenhuma especialização ou histórico profissional na área ambiental ocupando cadeiras de chefe nas superintendências estaduais do Ibama
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, exonerou superintendentes do IBAMA em 21 estados, além de 18 superintendentes substitutos. As informações estão no Diário Oficial da União (DOU) de sexta (13) e ontem (16). Em seus lugares, foram nomeados 18 novos superintendentes substitutos, que assumem interinamente em 17 estados. Apenas no Rio Grande do Sul a nova substituta não assume de imediato, já que o titular segue no cargo mesmo com a mudança de administração – situação que também aconteceu em Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
Nos estados do Espírito Santo, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro, únicos em que apenas os superintendentes titulares foram exonerados, os substitutos já nomeados desde o governo anterior assumem os cargos. Todos os novos nomeados são servidores de carreira do IBAMA, assim como os 18 substitutos exonerados, que voltam às suas funções habituais no órgão. A superintendência do Acre, por sua vez, está vaga desde junho de 2021 e segue sendo ocupada por substitutos desde então. Melissa de Oliveira Machado continua no cargo, porém o servidor Caio Lima Carvalho foi nomeado temporariamente para o seu lugar entre os dias 13 e 27 de janeiro.
Já entre os quatro superintendentes que continuam em seus cargos, apenas uma, a gaúcha Cláudia Pereira da Costa, não é servidora do IBAMA. Ela está nomeada no cargo comissionado desde o fim de 2016, ainda no governo de Michel Temer (MDB).
Entre os titulares exonerados, nomeados nas gestões de Ricardo Salles e Joaquim Leite no Ministério, estão algumas pessoas sem qualquer relação com a área ambiental
Entre eles, o empresário Bruno Pinheiro Dias Semeghini, superintendente em Goiás; o administrador de empresas Glauco José Côrte Filho, em Santa Catarina; o consultor imobiliário Kenny Wilson Bernardo da Silva, em Alagoas; os policiais militares Davi de Sousa Silva, em São Paulo, Luiz Renato Fiori, no Espírito Santo, e Gibson Almeida Costa Júnior, em Mato Grosso; os advogados Daniel Charliton Rodrigues, no Rio de Janeiro, José Harlam Fernandes Aguiar, no Amapá, e San Martin Coqueiro Linhares, no Piauí, que foi indicado pela deputada federal Margarete Coelho (PP-PI), uma das deputadas mais antiambientais da Câmara – mesmo caso de Isac Braz da Cunha, agora ex-superintendente no Tocantins, indicado por Vicentinho Júnior (PP-TO).
Além deles, também está de saída o engenheiro florestal Rafael Angelo Juliano, do Pará, que já prestou serviços para criminosos ambientais condenados antes de ser nomeado para o cargo.
Nova gestão no IBAMA
O órgão ambiental já está sob nova gestão. Eduardo Bim, presidente da autarquia ao longo de todo o governo Bolsonaro, foi exonerado logo no primeiro dia do novo governo Lula. Em seu lugar, assumiu interinamente o servidor de carreira Jair Schmitt. Ele responderá pelo comando do Ibama até o fim de janeiro.
Em seguida, assume o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), como já confirmado por ((o))eco. Ex-coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista na Câmara, Agostinho tem formação e histórico de atuação na área ambiental. Ele deve ser nomeado a partir de 1º de fevereiro, quando acaba seu mandato como deputado, já que a legislação não permite que um parlamentar se licencie do cargo para assumir a presidência de uma autarquia, a não ser que renuncie ao mandato. Enquanto ele não chega, Marina e Schmitt iniciam o processo de desmilitarização do órgão, revertendo a tendência iniciada no governo Bolsonaro.
Fonte: O Eco
Comentários