O leilão dos 2 GW de reserva de energia que aconteceu no final de setembro aumentará a conta de luz de todos durante a vigência dos contratos que se encerram em 2042.
No Valor, Pedro Bara faz uma análise importante dos impactos desse jabuti: ele “deu conta de implodir, tanto a principal motivação para a privatização da empresa, […] como o princípio básico da ‘modicidade tarifária’, a partir da desestruturação do planejamento.” O princípio da modicidade orienta o planejador e o sistema como um todo a oferecer eletricidade a uma tarifa que seja módica para garantir que seja acessível a todos os usuários.
Pelas contas da EPE, responsável pelo planejamento energético, no Plano Decenal 2031, os consumidores terão que arcar com um custo operacional de R$ 52 bilhões a mais por conta do jabuti. E isso, sem falar em um investimento adicional de quase R$ 20 bilhões que não inclui o preço dos gasodutos para levar gás aos locais onde não há demanda.
O resultado do leilão, com apenas três ofertas dos 33 projetos habilitados, mostrou que o mercado não apostou nas condições oferecidas. Por falar em condições, o modelo do contrato a ser firmado indica que os ganhadores terão uma receita fixa proporcional a 70% da capacidade de cada usina – independente dela gerar ou não eletricidade. E isso até 2042, quando vencem esses contratos.
Em tempo 1: No afã de ajudar a reeleição, na Voz do Brasil de 6º feira passada (7/10), o ministro de minas e energia, Adolfo Sachsida, prometeu que a conta de luz ficará 10% mais baixa no ano que vem, sem se preocupar em explicar o milagre. Parte importante do setor sabe que a conta ficará bem mais cara no ano que vem, dentre outras, porque o setor se endividou para cobrir a crise hídrica do ano passado e, para não atrapalhar a campanha eleitoral, a conta começa a ser paga em janeiro. Sem falar no jabuti das termelétricas. O Valordeu a notícia.
Em tempo 2: Por falar em crise hídrica, no final de setembro, os reservatórios do sistema elétrico estavam a 57% de sua capacidade. Segundo matéria do Valor, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) estima que o sistema operará normalmente até março do ano que vem.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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