Finalmente chegamos ao período de campanha eleitoral. A menos de 50 dias do 1º turno das eleições presidenciais, os candidatos começam a dar um pouco mais de detalhes sobre o que pretendem fazer, inclusive na seara do meio ambiente caso sejam vitoriosos em outubro.
No Valor, Daniela Chiaretti fez um balanço das propostas ambientais apresentadas pelos quatro presidenciáveis melhor posicionados nas pesquisas de intenção de voto: o ex-presidente Lula (PT), o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e a senadora Simone Tebet (MDB). Em geral, todos defendem a necessidade de combater o desmatamento e avançar na geração de energia renovável, mas divergem tremendamente sobre a profundidade e as estratégias para se chegar a esse resultado.
Enquanto a campanha de Lula propõe uma “reconstrução” da política ambiental brasileira, fragilizada nos últimos quatro anos, o atual presidente prioriza o incentivo ao agronegócio, com sinalizações pontuais a ações antidesmatamento empreendidas pelo governo. A proposta de Lula faz citações claras à proteção dos Povos Indígenas e à retomada da fiscalização contra o desmatamento promovido por “milícias, grileiros, madeireiros”, entre outros. Já Bolsonaro ignora a explosão do desmatamento, registrada pelo INPE nos últimos quatro anos, e sugere o uso de satélites associados ao Censipam, das Forças Armadas, como uma alternativa para o monitoramento da floresta.
Ao mesmo tempo, Ciro e Tebet sinalizam para uma articulação entre preservação ambiental e desenvolvimento sustentável, com investimentos em ciência e tecnologia e combate a ilegalidades na Amazônia. Um destaque da proposta de Tebet é a criação de uma coordenação para transição energética associada diretamente à Presidência, com o objetivo de articular os diferentes ministérios em torno do tema.
Ainda sobre estes planos, o Fakebook.eco checou os principais elementos da proposta apresentada pelo atual presidente na questão ambiental. O balanço é negativo: “Bolsonaro segue firme na intenção de desmontar o monitoramento por satélite da Amazônia feito pelo INPE (o programa fala em desenvolver “metodologias que consolidem as bases de dados no sentido de balizar as políticas públicas contra queimadas”) e de livrar infratores ambientais do IBAMA (sob o eufemismo de “tratamento justo)”.
Em tempo: A corrida pelo governo de três estados amazônicos que experimentaram a escalada do desmatamento nos últimos anos começa com os atuais governadores largando como favoritos. Como assinalado por ((o)) eco, Gladson Cameli (AC), Marcos Rocha (RO) e Wilson Lima (AM) se alinharam ao atual governo federal e têm no agronegócio seu aliado mais importante. Para garantir este apoio, os governos destes estados promoveram diversas mudanças na legislação ambiental estadual que resultaram no aumento da devastação da Amazônia.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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