Em 2021 foram registrados 35 assassinatos em conflitos no campo no Brasil. Desse total, 80% ocorreram na Amazônia Legal, sendo 28 dos 35 assassinatos registrados no ano passado. Os dados representam um aumento de 75% em relação a 2020, quando foram registrados 20 assassinatos.
Desses, 11 homicídios, praticamente um terço, foram no estado de Rondônia, onde ocorreu, também, um massacre no mês de agosto com três vítimas.
Outro massacre foi registrado na região alta do Rio Apiauí, em Mucajaí, sul de Roraima, com a morte de três indígenas Moxihatëtëa, que pertencem a um subgrupo Yanomami de denominação Yawaripë.
Os dados constam na 36ª edição do caderno Conflitos no Campo Brasil 2021, lançado nesta segunda-feira (18) pela Comissão Pastoral da Terra. Em 2021 foram registrados 1.768 conflitos agrários no país.
O documento também reúne ocorrências relacionadas a disputas por terra na Amazônia Legal onde foram registradas 641 ocorrências, o que representa 49,49% dos conflitos registrados no país. No mesmo período, foram registrados 124 conflitos relacionados à água (40,78%) e 54 casos de trabalho escravo (31,95%). A mineração e o agronegócio foram apontados como um dos principais responsáveis pelas ocorrências.
O bispo de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, José Ionilton Lisboa de Oliveira, chamou a atenção para o aumento dos números levando-se em consideração a série histórica dos dados desde 2012, quando foram registrados 1.396 conflitos.
Ionilton Lisboa disse que o relatório é uma forma de a Igreja no Brasil se colocar do lado das famílias vítimas da violência no campo para protegê-las, encorajá-las e cuidá-las.
O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Walmor Azevedo de Oliveira, lembrou o desejo do Papa Francisco expresso no encontro com os movimentos sociais: “Nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos”.
Conflitos no campo
De acordo com a CPT, os conflitos no campo envolveram questões ligadas à terra, à água e aos direitos trabalhistas, um total de 897.335 pessoas. Os dados representam, em média, 4 ocorrências de conflitos no campo por dia.
Nos casos de violência contra ocupação e a posse, os assassinatos de sem-terras e mortes em consequência disparam em 2021. Os estados que compõem a Amazônia Legal concentraram 77,9% das famílias afetadas pelo desmatamento ilegal; 87,2% das famílias afetadas por expulsão; 81,3% das famílias afetadas por grilagem; e 82,2% das famílias afetadas por invasões.
Fonte: Amazonas Atual
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