A Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul) emitiu a licença de instalação de uma térmica a gás natural de 1,3 GW no porto de Rio Grande e, junto, a licença prévia para um terminal de regaseificação de gás fóssil, informa O Sul. Com investimentos na casa dos bilhões de reais, as instalações teriam que operar durante bastante tempo para remunerar seus investidores. O que quer dizer, muito tempo emitindo CO2 e vazando metano.
Por falar em metano, cientistas descobriram que uma única mina de carvão na Austrália emitiu cerca de 200 mil toneladas do gás no ano passado, algo da ordem de grandeza de um rebanho de 3 milhões de cabeças. Segundo a Bloomberg, as emissões fugitivas da mina da megacorporação suíça Glencore até aparecem em seu inventário de emissões, mas com um valor quase 10 vezes menor. A maior parte do mágico desaparecimento destas emissões vem da falta de um bom monitoramento de quanto metano escapa da mina. Algo que, pelo jeito, é mais fácil para um satélite de ver do espaço do que medir corretamente no campo.
Uma parte do erro vem da conversão do metano para as toneladas de CO2 equivalente. Outra matéria da Bloomberg conta a história da criação e da evolução do conceito de potencial de aquecimento global (GWP, a sigla em inglês) e das polêmicas em torno da ciência por trás. Em especial, o caso do metano é extremamente importante porque, durante os vinte anos em que uma molécula permanece em média na atmosfera, esta impacta o aquecimento no mesmo tanto que 80 moléculas de CO2. Assim, o efeito de se reduzir drasticamente os vazamentos de minas, poços e dutos seria enorme. Reduzir o consumo de proteína de ruminantes, também.
A Glencore apareceu em uma matéria do Financial Times dizendo ter separado US$ 1,5 bilhões para acertar processos por corrupção nos EUA, Reino Unido e no Brasil. Aqui, ela é uma das maiores traders de commodities do agronegócio.
Em tempo 1: Ontem, demos uma nota sobre a falta de compromisso climático do mundo financeiro que segue investindo trilhões de dólares na cadeia do carvão. O que baseia a informação, do think tank alemão Urgewald, foi publicado ontem. O release do estudo diz que “A Global Coal Exit List” cobre 1.032 empresas. Suas atividades abrangem desde a mineração, comercialização e transporte de carvão até a conversão de carvão em líquidos, a operação de centrais elétricas a carvão e a fabricação de equipamentos para novas usinas de carvão.”
Em tempo 2: A Agência Internacional de Energia (IEA) informa que, em janeiro, a demanda por petróleo e seus derivados aumentou em 560 mil barris por dia. No relatório sobre este mercado de petróleo deste mês, a IEA explica que este aumento só não foi maior porque a produção de alguns países já bateu no teto. Isso ajuda a explicar o preço do barril beirando os US$ 100. A Reuters também comentou o relatório. A este respeito, uma matéria do Financial Times conta que os produtores dos campos de fracking norte-americanos estão com as barbas de molho. Há algum tempo, quando o preço também estava alto, eles investiram em mais poços e no aumento da produção dos existentes. O preço despencou com a pandemia e muitos quebraram. Agora, estão mais cautelosos, esperando para ver.
Fonte: ClimaInfo
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