O papel absolutamente imprescindível do Banco Mundial em canalizar o financiamento climático para onde este é mais necessário pode estar sendo debilitado pelo presidente do Banco, David Malpass. Pelo que relata o Financial Times, durante a COP o banco pressionou para que a declaração conjunta dos bancos multilaterais ficasse mais curta e fraca.
No meio do ano, o Banco havia se comprometido a alinhar seus financiamentos com a meta bem mais fraca de limitar o aquecimento abaixo de 2°C, e não os 1,5°C exigidos pela ciência. Malpass foi indicado por Trump e é conhecido por ter declarado em 2010 que não acreditava que as emissões antrópicas aquecem a atmosfera.
Em outubro, o Guardian publicou a opinião de um pesquisador do Banco dizendo que Malpass “não tem nem a visão nem a credibilidade para fazer do Banco Mundial um líder climático.”
Este final de ano verá muitos balanços sobre os desastres climáticos de 2021. O Wall Street Journal fez um apanhado de movimentos do setor financeiro no sentido da transição para a economia de baixa emissão. O primeiro destaque é o valor significativamente crescente de empresas como a Tesla (triplicou em relação ao verão do ano passado), a Plug Power, fabricante de células combustíveis a hidrogênio cuja capitalização quadruplicou em 3 anos, e a First Solar (valor da ação mais que triplicou em 4 anos). Há também todo o movimento ESG, com destaque para o aumento de mais de 50% na quantidade de fundos sustentáveis nos últimos 12 meses.
Em compensação, as fósseis deram mais um pequeno passo na direção da irrelevância. Há dez anos, elas representavam 11% das 500 empresas mais valiosas da Standard & Poor’s, a S&P 500. Há um ano, eram apenas 4% e, este ano, o número caiu para 1%. Isso apesar do aumento brutal do preço internacional do petróleo e do gás natural. Segundo o artigo, apesar “dos discursos sobre o poder de sobrevida do petróleo, os investimentos dos maiores exportadores de petróleo em energias renováveis, hidrogênio, amoníaco e eletricidade contam de uma história muito diferente.”
Em tempo: A pressão sobre as petroleiras continua aumentando. O grupo de investidores Follow This promete pressionar as petroleiras americanas e europeias, em suas assembleias de acionistas, a assumirem compromissos mais ambiciosos de redução de suas emissões. Segundo a Bloomberg, o grupo submeteu propostas de resoluções a Shell, BP, Chevron, Conoco, Phillips 66 e Occidental Petroleum para votarem nas reuniões de acionistas no próximo ano. O grupo está aguardando a decisão interna da Equinor antes de decidir o que fazer. A Reuters destacou as ações do Follow This junto a Exxon-Mobil.
Fonte: ClimaInfo
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