A preservação da Amazônia tem uma natureza administrativa: é necessário recompor os órgãos de fiscalização ambiental; tem uma natureza legislativa: nós precisamos de leis duras e eficientes aprovadas no Congresso; tem uma natureza policial: porque boa parte da atividade é criminosa e só tem como combater com polícia. Se nós resolvermos esses três problemas, mas não resolvermos a esfera econômica, de como gerar riqueza, de como combater a pobreza das populações tradicionais da Amazônia, a partir de projetos sustentáveis e da floresta em pé, nós vamos falhar como estamos falhando até aqui.
Deputado Marcelo Ramos
Diante toda a repercussão com o caso das Balsas no Rio Madeira no último dia 24 – com grande destaque na mídia nacional e com importância no mundo todo – centenas de órgãos e personalidades ligados ao ambientalismo se posicionaram para destacar o quão absurdo é haver ainda, em 2021, uma prática tão predatória e insustentável para o bioma Amazônia, como é a mineração e o garimpo deste tipo.
Contudo, o assunto é muito mais amplo e profundo do que uma mera moralização, ou um ambientalismo difuso e desconectado da vida real das pessoas pode considerar.
Nessa semana, em depoimento na Câmara, onde é vice-presidente, o Deputado Marcelo Ramos (PL) discursou no palanque de maneira a levantar algumas questões fundamentais visíveis pra quem conhece com intimidade o cotidiano real da vida de muitos brasileiros que habitam a região amazônica.
Numa fala polêmica, mas inegavelmente equilibrada e sóbria, nós do portal BrasilAmazôniaAgora destacamos algumas passagens. Porém, para uma melhor compreensão da abordagem do deputado, pode-se assistir ao vídeo da fala na íntegra. Pouco mais de 8 minutos que, concordando ou não no fim, contribuirá para o debate do que é o melhor a se fazer com a Amazônia e com seu povo:
“Hoje existem aproximadamente oito mil balsas fazendo dragagem de ouro no Rio Madeira. A pergunta é: o Estado brasileiro é capaz de em 365 dias do ano, todos os anos, fiscalizar a operação dessas oito mil balsas? Parece que a resposta definitiva pra isso é não! Enquanto elas estavam espalhadas no leito do Rio Madeira, não havia notícia com repercussão internacional, esta se deu quando elas se ajuntaram na proximidade do município de Autazes, próximo de Manaus, e teve o efeito de comoção internacional porque nós temos, realmente, uma atividade de exploração predatória […]
Nós temos duas opções: continuar fazendo de conta que não existe mineração na Amazônia, e continuar fingindo que o Estado brasileiro tem condições de combater toda a mineração ilegal que existe no Amazonas; ou regulamentar o processo de mineração sustentável na Amazônia. Com regras duras! Claras! Que garantam a mitigação de danos ambientais, que garantam a compensação daqueles danos que não puderem ser mitigados. Que estabeleçam critérios de recolhimento de tributos para o estado, para o município e para a União.”“Portanto o debate da regulamentação de um modelo sustentável de mineração, o debate da regulamentação do mercado de carbono, o debate sobre a regulamentação de recursos em linha de crédito para pesquisa na área de biotecnologia, é mais do que urgente! Nós precisamos também garantir formas sustentáveis de dar de comer ao povo do Amazonas!”
Assista ao vídeo do pronunciamento do Deputado Marcelo Ramos:
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