A indústria amazonense emendou seu quarto mês de alta de produção, entre maio e junho, alcançado o segundo melhor resultado do país. O crescimento na variação anual, por sua vez, foi ‘bronze”, no ranking nacional, com praticamente todos os segmentos no azul, sendo alavancado pelas linhas de produção de condicionadores de ar, motocicletas e derivados de petróleo, entre outras. O desempenho foi favorecido, contudo, pela fraca base de comparação, ainda impactada pelo rescaldo da primeira onda. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE e foram divulgados nesta quarta (11).
A produção industrial do Estado avançou 4,4%, na passagem de maio para junho deste ano, em um desempenho melhor que o do mês anterior (+0,8%). O crescimento foi de 24% em relação ao mesmo mês de 2020 – quando a fatia significativa da indústria amazonense que estava paralisada pela primeira onda e excesso de estoques voltava a trabalhar. Com isso, o setor conseguiu consolidar os acumulados do ano (+26,6%) e dos 12 meses (+16,1%).
Assim como ocorrido no levantamento anterior, o resultado do Amazonas na variação mensal (+4,4%) bateu com folga a combalida média nacional, que ficou estável. Mesmo assim, o Estado cedeu a liderança para a Bahia (+10,5%), sendo sucedido pelo Ceará (+3,8%), no ranking nacional do IBGE, que analisa as indústrias de 14 unidades federativas. Na outra ponta, Pará Paraná (ambos com -5,7%), Pernambuco (-2,8%) e Mato Grosso (-1,9%) ficaram no rodapé.
O acréscimo de 24% registrado na variação anual de junho fez o Estado superar a média brasileira (+12%), mas não impediu uma queda da primeira para a terceira posição, logo atrás do Espírito Santo (+34,3%) e do Ceará (+31,1%). Na outra ponta, Pará (-8%), Bahia (-7,9%) e Mato Grosso (-6,9%) amargaram as últimas posições, em um rol com apenas cinco desempenhos negativos.
No acumulado dos seis meses iniciais de 2021 (+26,6%), a performance do setor foi suficiente para fazer o Amazonas subir da quinta para a segunda colocação do ranking. Perdeu para o Ceará (+26,8%) e ganhou de Santa Catarina (+26,1%). Em contrapartida, Bahia (-15%), Mato Grosso (-5,5%) e Goiás (-4,2%) amargaram as retrações mais acentuadas, além de serem as únicas performances negativas da lista do IBGE.
Condicionadores e motocicletas
Na comparação com os dados de junho de 2020, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) retornou ao campo positivo (+1,5%), após a retração do mês anterior. A indústria de transformação, por outro lado, escalou para uma elevação de dois dígitos (+25,3%), sendo que novamente apenas um de seus nove segmentos investigados mensalmente pelo IBGE fechou no vermelho: impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -79,9%).
Os melhores números vieram de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +76,9%), seguido por “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +54,9%). Na sequência, vieram derivados de petróleo e combustíveis (+36,3%), produtos de borracha e material plástico (+27,7%), bebidas (+27,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +20,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +8,6%) e produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +8,5%).
A comparação do semestre com igual acumulado do ano passado também apontou dados negativos apenas para a indústria extrativa (-1,5%) e a divisão de impressão e reprodução de gravações (-70,4%). Os melhores desempenhos vieram de máquinas e equipamentos (+61,8%), outros equipamentos de transporte (+61,2%), produtos de borracha e de material plástico (+60,2%), bebidas (+32,8%), derivados de petróleo e combustíveis (+32,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+25,6%) e produtos de metal (+15,2%), todos com alta de dois dígitos.
Cenário turvo
O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destacou os resultados positivos da indústria do Amazonas, em contraste com o cenário nacional e observou que o percentual alcançado na variação mensal de junho foi o segundo melhor do ano, perdendo apenas para março (+9%). O pesquisador também salienta que o dado positivo na comparação com o mesmo mês do ano passado “é interessante”, porque leva em conta a situação de influência da pandemia na produção industrial do Estado. Mas, o cenário de curto prazo segue turvo.
“A indústria amazonense já acumula crescimento de 27% nesse ano e, nos últimos 12 meses, alcança alta de 16%. Todos os indicadores da indústria amazonense em junho, estão acima da média nacional. Somente as atividades: indústria extrativa e impressão e reprodução, tiveram quedas de produção em junho. Todas as outras oito atividades apresentaram crescimento. Com destaque para máquinas e equipamentos, e outros equipamentos de transporte que tiveram 61% de aumento em junho. Ainda não é possível um cenário positivo para os próximos meses. Embora a média móvel trimestral tenha aumentado, algumas atividades alegam falta de matéria prima”, analisou.
“Bom momento”
O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considerou que os números de junho, apresentados na pesquisa do IBGE, refletem o “bom momento” da indústria do Amazonas, após o desarranjo produzido pela segunda onda de covid-19 e suas respectivas medidas de isolamento social, no começo do ano. Segundo o dirigente, apesar do refluxo da pandemia, em meio ao avanço da vacinação, a atividade ainda enfrenta obstáculos para crescer.
“Após um primeiro trimestre muito aquém do esperado, em razão do agravamento da pandemia no Estado, os indicadores da indústria passaram a apresentar uma retomada a partir de abril. Alguns problemas, como a escassez de insumos, a alta variação cambial, a pandemia – ainda que amainada – e a natural retração do consumo, continuam atrapalhando uma plena recuperação do setor industrial. A despeito desses fatores, os números indicam que a indústria amazonense está entre as três principais do país no quesito recuperação”, finalizou.
Fonte: Jornal do Commercio
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