O anúncio do plano trilionário de Joe Biden para recuperação e modernização da infraestrutura nos EUA motivou especulações e estimativas sobre o potencial das medidas em mudar estruturalmente a economia norte-americana e impulsionar decisivamente a ação climática no país.
A constatação mais óbvia é que o plano prioriza a ampliação das fontes renováveis de energia. O Financial Times comparou o plano de US$ 2 trilhões prometido por Biden com os investimentos de Obama nas gerações eólica e solar no final dos anos 2000, que representaram à época cerca de US$ 90 bilhões – um valor tido como astronômico há dez anos, mas pequeno comparado com o que o ex-vice de Obama pretende fazer. “O pacote forneceria apoio governamental sem precedentes para tudo, desde veículos elétricos até energias renováveis”, destacou o jornal.
Bloomberg, Reuters e Wall Street Journal vão na mesma linha, ressaltando o simbolismo do plano massivo de Biden para a política norte-americana: depois de décadas seguindo a lógica neoliberal do “Estado pequeno”, ele promete uma revitalização da posição do Estado na economia e no processo de desenvolvimento econômico do país.
No entanto, os caminhos para tirar o plano do papel seguem incertos, especialmente dentro do Congresso. O Partido Democrata controla o legislativo, mas com maioria estreita na Câmara e o voto de minerva da vice Kamala Harris desempatando em seu favor no Senado. A oposição republicana promete obstruir a tramitação do pacote por causa da proposta de aumento de impostos sobre as grandes fortunas e as empresas mais ricas do país. Mesmo pelo lado democrata, o governo não tem clareza se todos estão do lado de Biden. Democratas moderados também estão reticentes com a taxação das grandes fortunas e empresas; já as alas mais à esquerda do partido não ficaram plenamente satisfeitas com o pacote, considerado tímido em comparação com o Green New Deal esboçado por elas na campanha de 2020.
Fonte: ClimaInfo
Comentários