Desde o início da quarta revolução industrial a indústria brasileira tem procurado mapear os possíveis caminhos que deverão seguir para o alinhamento quanto à manufatura avançada.
Nunca se falou tanto em Tecnologia da Informação e em Automação e seus efeitos na capacidade, agilidade e responsividade dos processos industriais. Os Polos Industriais do Brasil já iniciaram o processo de transformação digital e por isso a medição do grau de maturidade e prontidão da indústria 4.0 servirá de base para os futuros roadmaps empresariais e para o entendimento do real posicionamento de nossa indústria diante dos novos conceitos da Indústria 4.0.
Aqui no Brasil foi desenvolvido um modelo de medição que leva em consideração as características de nossas operações e as diferentes realidades. Coordenado pelo professor e doutor em Engenharia da Produção da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), Sandro Breval Santiago, o PIMM4.0 contempla uma ferramenta matemática que verifica as relações existentes entre as variáveis (dimensões) e faz uma comparação com os parâmetros da Indústria 4.0, permitindo uma visualização clara da posição da empresa e sua aderência aos conceitos da manufatura avançada.
Segundo Breval, são três grandes eixos de medição: Tecnologia e Operações, Ecossistema de Negócios e Interoperabilidade. Estes três eixos foram subdivididos em dimensões: Produtos, Manufatura, Estratégia, Logística e Modelo de Negócios.
Um teste piloto foi desenvolvido no Polo Industrial de Manaus e os resultados, além de inéditos, são surpreendentes. Na dimensão “Estratégia”, 92% dos colaboradores apresentam pouca ou nenhuma habilidade digital, embora 57% da liderança reconheça importância da indústria 4.0.
Na dimensão “Manufatura”, 14% das empresas dizem que atendem a requisitos e estariam preparadas para essa nova fase industrial. Mas apenas 6% possuem tecnologias autônomas.
Na “Logística”, 42% das empresas mapeadas possuem estoque em tempo real, com visibilidade em toda a cadeia de suprimento (SCM), o que compromete a interoperabilidade e resulta numa redução do indicador principal.
Com base nas relações de cada variável e suas respectivas dimensões, apurou-se para a amostra das empresas, o grau de maturidade e prontidão consolidado no valor de 2,54 ou seja, no nível de transição. “Isso representa, para a indústria local, alguns desafios a serem resolvidos quanto à indústria 4.0”, comenta Sandro Breval.
O PIMM4.0 é composto por uma plataforma web e aplicativo. Na versão 2020 foi inserida a dimensão “Pessoas e Cultura” que mede as relações sócio-organizacionais, técnicas e gestão do time de colaboradores como também a cultura organizacional e seus impactos na maturidade e prontidão. “A plataforma está em implantação em algumas plantas industriais no Brasil, o próximo passo é aperfeiçoar a metodologia com introdução de inteligência artificial”, finaliza Sandro Breval.
Fonte: Pense Nova
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