O general Charles De Gaulle, ex-presidente da França, não teria nada que se intrometer nos assuntos internos do Brasil e ter tido a petulância de dizer que o “Brasil não é um país sério”, e de fato a história registra que ele não disse. […] Independentemente do autor, a frase parece que segue sendo verdade, entre galos e milhões.
Juarez Baldoino da Costa
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1- O policial atira na perna do delinquente em fuga e quando o captura percebe que é um homicida reincidente nestes crimes; é a quinta vez que o encontra, solto todas as vezes anteriores por vários mecanismos que nossa legislação ou nossa tolerância permitem. Pagamos a bala do 38, o próprio 38 do policial, sua farda, sua alimentação, sua viatura e seu combustível, seu salário e toda a estrutura da corporação. Quando ele prende o criminoso e cumpre a função que a sociedade paga e espera, o gasto se compensa, mas quando se paga 5 vezes pelo mesmo serviço, o custo fica muito pesado;
2- O juiz comete um crime e é afastado das funções sendo aposentado compulsoriamente com os rendimentos e benefícios integrais;
3- O agente público recebe mais do que o teto legal permitido, mas não se consegue corrigir e descalabro porque ele tem o chamado direito adquirido, neste caso, um inescrupuloso e indecente direito, manchando e desvirtuando a razão da existência desta que seria uma das mais nobres prerrogativas do cidadão;
4- O ministro Luiz Fux do STF, hoje presidente do órgão, atuou em 2014 num processo de roubo de um galo (*). O orçamento do STF em 2019 foi de R$ 741 milhões, e foram julgados 4.039 processos. Em média, cada um custou R$ 183 mil; o caso do galo estaria entre eles;
5- R$ 50 milhões em espécie são resgatados na casa do acusado pela Polícia Federal durante uma operação em flagrante como prova de crime de corrupção, e o acusado depois de uns dias passa a cumprir pela domiciliar e se for um bom presidiário tem a pena reduzida até em décadas;
6- O prefeito é afastado e em seguida preso por crimes comprovados de roubo do erário, consegue uma medida para conseguir chegar até as próximas eleições, e nelas é reeleito pelo povo de quem roubou o dinheiro;
7- O general Charles De Gaulle, ex-presidente da França, não teria nada que se intrometer nos assuntos internos do Brasil e ter tido a petulância de dizer que o “Brasil não é um país sério”, e de fato a história registra que ele não disse. Na verdade, o autor da frase teria sido o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza, confessada em seu livro “Um embaixador em tempos de crise”.
Independentemente do autor, a frase parece que segue sendo verdade, entre galos e milhões.
(*) Confira o processo julgado pelo ministro Fux:
“Quarta-feira, 21 de maio de 2014
1ª Turma encerra ação penal contra homem acusado de furto de aves
Por maioria dos votos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o encerramento de ação penal contra A.M.G., denunciado pelo crime de furto por ter, em tese, subtraído um galo e uma galinha, avaliados em R$ 40,00. A ordem foi concedida pela Turma, na sessão da terça-feira (20), ao analisar Habeas Corpus (HC 121903) impetrado pela Defensoria Pública da União (DPU).
O pedido de liminar, a fim de suspender a ação penal até o julgamento definitivo do HC, foi negado pelo relator, ministro Luiz Fux, em abril deste ano. ”
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