Seguiremos indiferentes aos convites insistentes da floresta em se apresentar como protagonista da expansão, diversificação e regionalização da experiência exitosa do Polo Industrial de Manaus, promovendo a integração e uma nova roupagem econômica amazônica que compatibiliza ecologia, prosperidade e desenvolvimento regional?
Pois bem. Temos algumas novidades no front, nascido e criado no debate diário de recomposição e afirmação da competitividade da indústria do Amazonas. Coordenador da Comissão de Logística do Cieam, diretor da Fieam, professor da Ufam e empresário, Augusto Cesar Barreto Rocha arranjou um tempo para dar vazão ao seu impulso ensaísta no contexto da nova economia de que o Brasil precisa. E já está fazendo nas páginas deste “mundo, mundo, vasto mundo”, o sucesso de quem sabe defender com clareza e veemência o esplendor de suas convicções.
E o resultado já se consolida em diversos produtos editoriais de primeira linha. Como no texto que aqui reproduzimos. Augusto pontua os embaraços que impedem esta terra de cumprir sua vocação de bionegócios, aproveitando a evolução dos acertos que o Polo Industrial de Manaus está consignando.
Gestão da Amazônia
Como é possível pensar em desenvolvimento integral, integrado e sustentável, sem assegurar as premissas de infraestrutura? Como promover a gestão inteligente dos recursos naturais sem qualificação de alto nível das novas gerações? Como identificar lideranças, estratégias e assegurar métricas de um planejamento consistente sem apontar as exigências de competitividade ajustadas aos investimentos num bioma plena de potencialidades e peculiaridades ambientais? Essas foram as premissas que confirmaram o convite formulado ao professor Augusto Rocha pela UEA/USP para ser um dos conferencistas da I AMAS, Amazonian Management Summit, o Congresso de Gestão da Amazônia, que ocorrerá nos dias 29, 30 e 31 de Agosto, no Centro de Convenções Vasco Vasquez da Arena Amazônia. Confiram o último ensaio.
Desenvolvimento: uma obsessão por acertos
Augusto Cesar Barreto Rocha (*)
Guimarães Rosa escreveu que “viver para odiar uma pessoa é o mesmo que passar uma vida inteira dedicada a ela”. A pauta única das discussões no país tem sido com respeito aos roubos realizados por quem deveria administrar, levando a um ódio desnecessário e improdutivo. Os contrapontos a isto têm sido dedicados a destratar ou desqualificar quem identificou os tais deslizes, como se o policial fosse culpado pelo roubo do bandido. É desalentador quão pouco foco tem sido dado para os operários e administradores das ações corretas. Quem foram os técnicos que construíram as identificações dos erros? Quantos heróis anônimos estão realizando grandes missões para combater os desvios? Qual a ideologia que os move? Há recursos adequados? Quais as atividades científicas necessárias para tal? Adoraria compreender melhor como fazer e ter sucesso. Investigar isso seria muito mais produtivo do que verificar como se fez errado e dar voz para os que fazem errado.
Mapeando caminhos
Verificar como empresas estão fazendo errado é útil. Todavia, muito mais importante que isso é: o que fazer para ganhar dinheiro de maneira honesta? Por qual razão 40% da mão de obra do país trabalha na economia informal? Como 60% consegue fazer certo? O emprego informal é necessário em um momento de adversidade ou para complementar a renda. Entretanto, o que pode ser feito para suplantar este problema? Investigar quem consegue é uma forma de divulgar como fazer. Gastar tempo sobre como se erra também é uma forma pedagógica inversa, que leva ao ódio ao invés de criar a esperança. Este enfoque sobre o erro é contrário a uma cultura empreendedora. O enfoque sobre o erro leva a uma paralisia e desesperança, que não é nada boa para a criação de riqueza. O otimismo e a esperança levam a uma economia harmoniosa e pujante e o pessimismo leva ao movimento contrário. Quais grupos querem tirar a alegria brasileira? Seja quem for, está conseguindo e os números de guerra que temos evidenciam isso.
É imperativo celebrar acertos
Segundo pesquisa do Ipea, Altamira (PA) é o município mais violento do país, tendo 107 como a sua taxa de homicídios por 100 mil habitantes, enquanto Jaraguá do Sul (SC) é o mais pacífico, com 3,7. A diferença é enorme. Há indústria de motores em Jaraguá do Sul e há minério de ferro e hidroelétrica próximo à Altamira. Adoraria uma investigação sobre um contraste do que se faz certo em Jaraguá e Altamira e o que se faz errado nos dois casos. Quais os caminhos para aproximar o resultado de Altamira do resultado de Jaraguá do Sul? Qual o caminho a ser percorrido? Como o país pode apoiar Altamira e replicar Jaraguá do Sul? Como sair deste emaranhado de lixo que nos encontramos? Criticar é ótimo, mas a crítica sem indicação de saídas será horrível e se houver crítica com indicações de saídas ruins, isso será anda pior. Precisamos celebrar acertos de gestão, mas estamos vivendo um momento estranho. Deveria ser positivo, pois se aproxima uma eleição ampla e democrática. Entretanto, a pauta pessimista não muda. Quais as saídas propostas por cada candidato? O que especialistas de diferentes ideologias apontam como acertos e erros de cada um? Como realmente informar o cidadão, para que a escolha seja baseada no seu interesse produtivo?
Replicar gestão coerente
Como realizar o desenvolvimento sustentável na Amazônia? Quais os projetos que têm dado certo aqui e gerado riqueza? Como fazer mais do que dá certo? Em nosso jeito estranho, quando se percebem empresários dando certo, busca-se logo como cobrar mais impostos ou como puni-lo. O caminho deveria ser outro: apoio para fazer mais disso em outros lugares. Qual a saída? Investigar com profundidade o que tem dado certo e replicar modelos de sucesso. Esta mudança de olhar parece-me o caminho para o desenvolvimento sustentável.
(*) Doutor em Engenharia de Transportes, Professor da UFAM, Diretor Adjunto da FIEAM e Coordenador da Comissão de Logística do Fieam/Cieam.
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
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