A ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) fez uma homenagem especial para o Dia da Indústria, a ser celebrado nesta quarta-feira, 23. Fez uma sessão solene para celebrar a Moto Honda da Amazônia, nos seus 42 anos de presença em Manaus. Um gesto inequívoco de reconhecimento a uma presença simbólica de um país irmão, que aqui chegou faz mais de 120 anos, embora alguns antropólogos digam que é alta a probabilidade de que nos originamos do mesmo tronco étnico que descreve as populações amazônicas. Esta seria, certamente, a razão mais elucidativa da afinidade, colaboracionismo e identidade de propósitos que nos unem.
A Moto Honda, disparadamente, sem desdouro as demais empresas – 25% delas são japonesas – asiáticas, europeias ou norte-americanas. Nosso orgulho reúne muitos elementos em sua estruturação. Inovação, compromisso, identificação, amor à natureza e companheirismo no desafio de promover desenvolvimento com respeito aos parâmetros ambientais. Parabéns a cada um dos servidores, desde os agricultores que plantam orgânicos para o cardápio da empresa, aos colaboradores da unidade fabril, distribuidores e à direção geral.
Fibras vegetais e solidárias
O Ciclo da Borracha na Amazônia produziu muita riqueza e ajudou a sustentar o Brasil por três décadas. Os historiadores afirmam que, neste período, a Amazônia contribuiu com 45% do Produto Interno Bruto, toda a riqueza gerada por um país. Quando acabou, restou por toda a floresta a angústia do abandono, das penúrias e da pobreza. Foi quando os japoneses vieram para a Amazônia e trouxeram as fibras vegetais da amizade, com a juta e a malva, gerando uma riqueza importante para nossa gente.
Durante muitos anos, antes da implantação do modelo Zona Franca de Manaus, os japoneses contribuíram decisivamente para disseminar uma cultura de fibras naturais e promoção social, gerando esperança e conquista de dias melhores. Depois vieram as fibras da dedicação e talento humano com os investimentos das empresas japonesas no polo industrial de Manaus. Ainda hoje, as empresas permanecem apostando na Amazônia, a despeito das dificuldades e instabilidade que este modelo representa.
Assim, com uma presença de colaboração e fraternidade tem sido construída e consolidada uma bela trajetória de união entre o Brasil e o Japão, uma história de amizade, crescimento e benefícios para todos. Vida longa à solidariedade universal e parabéns a Indústria, ao Brasil e, por sua presença construtiva há 123 anos, ao Japão por esta edificação fraterna e exemplar.
Desconectado e esburacado
O deputado Davi Almeida, presidente da Assembleia, mencionou o escândalo dos buracos em seu pronunciamento de homenagem a Moto Honda da Amazônia, apontando a desconexão entre economia e governo. Como celebrar a indústria se a pista de dança mais parece uma tábua de pirulitos? Em artigo recente, a advogada Gina Moraes, indagou sem resposta. “A quem compete a manutenção e urbanização do Polo Industrial de Manaus, considerando as ruas e cuidados urbanos do Distrito I e II?” Para ela, porém, a tarefa é dos três entes federativos na medida em que a legislação estabelece atribuição específica a cada um deles. O que não pode é perenizar este jogo do “toma que o filho é teu”.
É ridículo transferir a tarefa para outrem e enfiar a cabeça no buraco como avestruz. Mortes, prejuízos, vergonha, três itens da certidão da negligência e irresponsabilidade. O atual Superintendente da Suframa, Appio Tolentino, disse em reuniões com as entidades do setor produtivo, repetidamente no Cieam e Fieam, que seria o “capataz das obras de recuperação”. Entretanto, a execução dos serviços depende de iniciativas do município. E isso, absolutamente, não está acontecendo para desespero dos usuários, trabalhadores e suas famílias e os investidores. Para o cidadão que circula naquelas vias, 200 mil pessoas por dia, isso não passa de um escárnio.
Empurrando com a barriga
Por que as taxas de turismo, pagas ao Estado pela indústria, quase 1 bilhão no fundo FTI, Turismo e Interiorização do Desenvolvimento não pagam a conta da conservação, reparos e urbanização? Como mostrar fábricas com produtos de alta tecnologia com crateras lunares nas vias de acesso a gigantes de duas rodas e informática, que recolhem robustos impostos, para os três entes federativos, além das taxas para a Suframa e não dispõem da manutenção de que precisam para ir e vir na rotina produtiva? E o mais inquietante são os buracos metafísicos da paralisia institucional do “empurra com a barriga” para resolver questões tão modestas e, ao mesmo tempo, vitais!
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. [email protected] |
Comentários