Para responder a pergunta da publicidade oficial, e dizer para onde vamos, a resposta é muito simples. O Brasil que queremos e o remédio para as mazelas que sofremos já foi definido e os remédios receitados. Estas respostas estão nas gavetas do descaso, da amnésia política e da lógica imediatista que o Brasil adotou em sua governança estéril. Cabe recordar alguns momentos pontuais na memória recente da Suframa, cujos instrumentos fiscais de gestão da Amazônia Ocidental vão até 2073, para ilustrar essas ilações sobre o amanhã.
Começando pelo PlanAmazonas, um documento a ser revisitado, dos poucos gerados para além dos mandados de governança federal e estadual. Ali, estavam recomendações preciosas para a conexão da ZFM com o Pacífico, dada a “…desconectividade do sistema de transportes e as condições precárias de integração dos diversos modais nas áreas dos portos. Seu coordenador, o saudoso Raimar Aguiar, traduziu as recomendações estratégicas do então governador Gilberto Mestrinho, para retomar e viabilizar a “primazia da cabotagem de cargas gerais e em contêineres como logística inteligente de transportes, adotada pelos armadores escoceses para viabilizar a economia da borracha, na passagem do Século XIX para o Século XX”.
O governo peruano, diante de sua precariedade logística avançou no aproveitamento do PlanAmazonas, muito mais que o Amazonas, onde a proposta do Plano foi abandonado pelos governos seguintes. Como consequência, o Peru fez “bombar” sua agricultura orgânica e sua exportação de proteína piscosa.
Embargos da burocracia perversa
Na gestão seguinte ao PlanAmazonas, anos 1996, tivemos o projeto do EIZOF, de entreposto internacional, para expandir a produção da ZFM; naquele lugar onde sonharam a malfadada Siderama, uma siderúrgica insana, sem pé nem cabeça no meio da mata; os diversos EIA-Rimas da BR319, que consumiram inúteis R$ 200 milhões, para liberar uma estrada que precisava apenas de uma manutenção corretiva e preventiva; o CBA, a biondústria gnomo, sem CNPJ que defina seu modelo de gestão. E o polo gás químico, que viabilizaria a indústria do plástico verde, ou o polo de produção de placas foltovoltaicas, nunca empinado por pressões da mediocridade da burocracia federal. Tem ainda o Hub aéreo no lugar da base aérea, que poderia operar do outro lado do rio e deixar a opção inteligente do aeroporto de cargas e competitividade urgente.
De resto, o desperdício das verbas de P&D, algo em que precisamos pensar com honestidade e inteligência. Eis alguns dos projetos pirilampos, semelhantes aos insetos que acendem uma luzinha curiosa na escuridão da floresta numa luminosidade fugaz e preguiçosa.
O retrovisor da transparência
Precisamos olhar no retrovisor deste meio século para rever com decência e transparência porque foi mais fácil engavetar que implantar? E também, recordar que já estipulamos, mas fomos tímidos em cobrar a aplicação de pelo menos 3% do faturamento líquido anual da ZFM para a infraestrutura. Seria uma dinheirama capaz de modernizar no padrão Cingapura a inteligência logística tropical do que precisamos para superar o atraso e a mesmice viciada dos velhos paradigmas que perpetuam o pacto da mediocridade. Tudo indica que seguiremos buscando equacionar os gargalos recessivos da economia se formos capazes de desvincular desta tarefa a participação pífia da classe política, muito empenhada em resguardar seus interesses imediatos e livrar-se de ações na justiça. Se a Lei manda aplicar em turismo a contribuição do desenvolvimento integral, que seja revisto e acatado o expediente legal.
Comentários