Mais uma vez, atento às demandas da sociedade, e rouco de gritar pelos direitos e deveres de cada um, o setor privado se organiza para sugerir propostas, mobilizar atores e inaugurar um novo entendimento do papel de cada um. Chegou o momento de tomar as rédeas dos destinos nas próprias mãos. Como promover o atendimento do cidadão, quais os compromissos de gestão da coisa pública, como viabilizar o uso transparente e participativo do recurso pago pelo contribuinte?
Assim foi na formulação do Plano Alternativo de Mobilidade Urbana, no âmbito do Comitê Cidadão, onde o Sinduscon, ladeado por entidades e representação do tecido social, propôs cenários de mobilidade na ótica da cidadania. Dessa vez, um passo mais ousado: desenhar o futuro da nossa cidade. Com a palavra, o presidente do Sinduscon, Frank Souza. Confira.
1. O Futuro de Minha Cidade: o projeto que o Sinduscon traz ao debate sinaliza o protagonismo civil?
Sim. A união das entidades, empresas, sociedade civil organizada. Entendo que isso resulta do desencanto com a gestão pública, o desperdício de recursos, o gasto em custeio da máquina pública, cada vez mais burocratizada, lenta e transformada num fim em si mesma. O cidadão começa a acordar e ver que, assim como na economia doméstica, quem gasta mais do que arrecada paga um preço muito alto no fim das contas. E na esfera pública, quem paga essa conta é o próprio cidadão.
2. Quais os outros ensaios de protagonismo do setor privado mostram que este é o caminho?
Alguns municípios do Brasil, que tem este projeto já em desenvolvimento, alguns há mais de dez anos, mostram que a parceria da sociedade e a prefeitura tem assegura do crescimento econômico da cidade e a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Não se trata de excluir ninguém e sim de mobilizar os interessados para reduzir a margem de erros.
3. Que lugar o poder público municipal terá no Futuro de Minha Cidade?
Cada um dará sua contribuição em sua especialidade e função. O poder público estará alinhado com as propostas desenvolvidas pelas câmaras dos diversos eixos do projeto e terá um acompanhamento efetivo da sociedade civil organizada para o cumprimento do planejamento nos mais diversos setores, dentro de suas prioridades de prazos, independente do período de gestão daquele governante, o planejamento atenderá os próximos 20 anos. Não vamos executar planos de governo e sim um projeto de toda a sociedade.
4. Quais setores serão preponderantes na coordenação e detalhamento do Futuro de Minha Cidade?
A proposta é trabalhar em mutirão, onde cada entidade, grupo ou especialista vai contribuir com a construção do futuro. Um futuro que já começou quando vemos a adesão de todos. Eis alguns setores/atores que consideramos vitais para compor o espectro central do planejamento. Desenvolvimento econômico, ou seja, todas as atividades que integrem a base material e produtiva (ZFM; os novos polos; Logística /Distribuição; Biotecnologia; Piscicultura; Comércio Exterior); Turismo (Ecoturismo; Turismo de negócios);Educação(Fundamental/Ensino Médio; Ensino Superior; Pós-graduação; Formação Técnica); Energias Alternativas; Desenvolvimento Urbano(Mobilidade Urbana; Saneamento; Planejamento Urbano; Construção Civil/Setor Imobiliário); Saúde; Gestão Pública(Segurança); Comércio/Serviços;- Meio Ambiente.
5. Manaus é a Paris dos Trópicos no Ciclo da Borracha, tal seu glamour e riqueza. A ZFM superou em receita aquele ciclo de riqueza. Por que uma economia prosperou a urbanidade e a outra a destruiu?
As fontes de recursos mudam com o passar dos anos, daí a mudança nos ciclos econômicos; por isto é tão importante planejar. Para nós, em vista do caos urbano crescente, é vital planejar ao menos nos próximos vinte anos, para que estejamos preparados para estas mudanças, novas fontes de recursos, a exemplo das que ocorreram no passado de abundância; temos que preparar a cidade para o movimento inevitável de migração rural para os centros urbanos, precisamos estar atentos às mudanças necessárias, ao déficit habitacional e na adequação da evolução das cidades; este projeto é uma excelente ferramenta para estes desafios das evoluções das cidades em todos os eixos estruturantes. Se os ciclos permitiram a geração de riqueza, não podemos estimular seu desperdício e sim sua aplicação no interesse maior da coletividade.
6. Portugueses, judeus, árabes, ingleses e culturas locais tradicionais formam a mistura de hábitos e valores desossa Manaus. Como envolver os principais segmentos na construção do Futuro de Minha Cidade?
O projeto é apartidário, apolítico, sem envolvimento de credos e raças, pertence a todos os interessados em participar do projeto, os ‘Apaixonados por Manaus’; os que vivem aqui querem um melhor lugar para viver independente de suas nacionalidades e origens, religião, este é o grande mote, pensar o futuro e na melhoria do ambiente em que vivemos e amamos. Obviamente que isso não impede que ninguém se organize em suas tradições, mantenha seus costumes, permita que os diferentes possam conhecer e compreender as manifestações de cada etnia. A culinária, a dança, as vestes e todos os outros costumes que descrevem as identidades devem ser respeitados. Importante é conviver em paz, em acolhida e em atitude desrespeito, afinal, temos algo em comum: Somos Apaixonados por Manaus!
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