“Considerando que a Polo Industrial de Manaus representa a movimentação de 30% da geração de riqueza da Região Norte, faz sentido apresentar esta indústria como referencial produtivo de sustentabilidade e posicionar a Amazônia como um esteio essencial para um futuro economicamente viável, socialmente justo, politicamente correto e ambientalmente equilibrado, como sonhou Samuel Benchimol e como o planeta exige de todos nós.”
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
A decisão de sediar a COP 30 em Belém do Pará, em 2025, coloca a Amazônia no centro das discussões globais sobre mudança climática, oferecendo uma oportunidade singular para o Brasil reposicionar sua política ambiental e destacar as contribuições que o modelo de desenvolvimento sustentável pode oferecer. Nesse contexto, o Polo Industrial da Zona Franca de Manaus (ZFM), se apresenta como fator estratégico para promover uma economia que equilibre industrialização e preservação ambiental, diretamente ligado aos preparativos para o evento.
O PIM e a Amazônia: desafios e oportunidades
A COP 30 chegará como um fórum em que os desafios ambientais da Amazônia, agravados pela crise climática, poderão ser discutidos com lideranças mundiais, destacando as pressões que a região enfrenta, como desmatamento, exploração ilegal de recursos e a perda de biodiversidade. Entretanto, a Amazônia também oferece soluções fundamentais para a estabilização do clima global, especialmente através de um modelo de desenvolvimento que busca a diversificação pela bioeconomia e conquista padrões elevados de inovação tecnológica.
O Polo Industrial de Manaus, inserido no coração da floresta, já desempenha um papel importante na mitigação dos efeitos climáticos, através da geração de mais de 500 mil empregos e incentivo a cadeias produtivas de valor agregado, que preservam a floresta em pé, como o Programa Prioritário de Bioeconomia, PPBio, coordenado pela SUFRAMA e financiado pela indústria, sob a responsabilidade do IDESAM. Com um modelo de incentivos fiscais que promove a industrialização sustentável, o PIM pode ser um exemplo de como indústrias podem coexistir com a preservação ambiental, desde que ampliem continuamente seus compromissos ESG (Environmental, Social, Governance) e adotem medidas para melhorar a eficiência energética e reduzir suas emissões.
A presença da COP 30 na Amazônia deverá atrair atenção internacional para essas iniciativas, criando oportunidades para que o Polo Industrial atraia novos investimentos preferencialmente verdes. O cenário global, em 2025, pressionado por crises interligadas como a guerra, a fome e a exploração descontrolada da biodiversidade, exigirá que modelos econômicos sustentáveis, como o da ZFM – reconhecido pela União Europeia e Organização Mundial do Comércio – demonstrem sua eficácia em nível local bem como parte de uma solução global.
Expectativas e contribuições do PIM na COP 30
O PIM tem a oportunidade de ser uma vitrine para o mundo sobre como o desenvolvimento sustentável pode ser alcançado na prática, oferecendo contribuições específicas para os debates da COP 30: Bioeconomia e Inovação na ZFM é base para o desenvolvimento de cadeias produtivas que exploram de maneira sustentável a biodiversidade da Amazônia. A COP 30 poderá ser um momento decisivo para o setor industrial mostrar seu potencial em expandir negócios com base em bioativos amazônicos, especialmente em setores como cosméticos, farmacêutico e alimentício, além claro dos polímeros e muita tecnologia. A aposta na bioeconomia, alinhada às recomendações da ONU, pode traduzir uma estratégia sólida de crescimento sustentável.
- Tecnologia Verde e Economia Circular são mensagens coerentes e recomendáveis na COP 30. O evento abre espaço para uma plataforma onde o Polo Industrial apresente seus esforços em economia circular e em eficiência energética. Ao adotar medidas para reduzir o consumo de recursos e promover a reutilização de materiais, as indústrias da ZFM podem liderar a transição para uma economia mais verde, contribuindo diretamente para as metas climáticas globais.
- Conservação e Recuperação de Ecossistemas são parâmetros consensuais e dois pontos centrais da COP 30. Sem dúvida, o maior legado de recuperação de áreas degradadas e conservação da biodiversidade. O PIM tem o desafio de mostrar que suas operações estão alinhadas com esses objetivos, demonstrando que a indústria pode ser um aliado na preservação da Amazônia, ao invés de uma ameaça. A demonstração de sua contabilidade ambiental vai confirmar os avanços de descarbonização conquistados.
- Incentivos Fiscais e Sustentabilidade encontrarão na COP 30 oportunidades de discutir como os incentivos fiscais da ZFM podem ser aprimorados para fortalecer a preservação ambiental. É fundamental que o Brasil demonstre ao mundo que as políticas que sustentam o PIM, além fomentar o crescimento econômico e a oferta de empregos e oportunidades, protegem o bioma amazônico, contribuindo para a neutralidade climática e a justiça social na região.
Desafios e expectativas
Apesar das vantagens que o PIM oferece, os desafios são evidentes. A infraestrutura limitada, o saneamento precário, a fragilidade dos mecanismos de fiscalização ambiental e a pressão por atividades econômicas predatórias, como a exploração ilegal de madeira e mineração, ameaçam a capacidade do Estado do Amazonas de garantir que o desenvolvimento seja verdadeiramente sustentável.
Entre as expectativas em relação à COP 30 temos uma rara ocasião para debates globais e a possibilidade do fortalecimento de políticas públicas consistentes. Espera-se que, a partir desse evento, o Brasil assuma compromissos mais firmes com a preservação da Amazônia, consolidando o PIM como parte da solução para os desafios climáticos. O engajamento das lideranças políticas e empresariais será decisivo para que as promessas feitas na conferência sejam concretizadas, e não se tornem apenas intenções vazias.
Os avanços dependem muito de nós
A indústria instalada no coração da floresta contribui com 30% da produção de riqueza, com emissão de Nota Fiscal. Isso faz toda a diferença. Com a Amazônia no epicentro das discussões globais em 2025, a COP 30 em Belém será uma oportunidade para reposicionar a Zona Franca de Manaus como um programa de acertos na redução das desigualdades regionais no modo sustentável. O Polo Industrial, com seu potencial de inovar e integrar a agenda ESG, deve liderar pelo exemplo, mostrando ao mundo que é possível conciliar crescimento econômico, proteção ambiental e justiça social em uma das regiões mais críticas do planeta.
Depende do PIM, portanto, aproveitar essa oportunidade para reforçar suas contribuições ao desenvolvimento regional. Considerando que a indústria da Amazônia representa a movimentação de 30% da geração de riqueza da Região Norte, faz sentido apresentar esta indústria como referencial produtivo de sustentabilidade e posicionar a Amazônia como um esteio essencial para um futuro economicamente viável, socialmente justo, politicamente correto e ambientalmente equilibrado, como sonhou Samuel Benchimol e como o planeta exige de todos nós.
Alfredo é filósofo, foi professor por muitos anos na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, quando voltou para sua terra natal e hoje é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal BrasilAmazôniaAgora