“Os desafios na Amazônia, como doenças tropicais, altas temperaturas, precária infraestrutura e grandes dificuldades logísticas, põem a prova projetos e planos de quem deseja empreender nesta região.”
Por Antônio Silva
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A indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM), dá uma grande contribuição para preservação do meio ambiente da Amazônia e é fundamental como opção de desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida da população, por meio da geração de emprego e renda. Entretanto, é necessário mais que isso para que se combata a destruição da floresta amazônica.
Muitos se atrevem a falar sobre nossa região, sem conhecerem as grandes distâncias que são percorridas pelos sinuosos rios. Não fazem ideia dos grandes vazios demográficos, dos regimes de chuvas que comportam índices pluviométricos em torno de 2.300 mm/ano, em média, e de até 5.000 mm/ano na parte ocidental. Quase todos os dias do ano faz calor e chove, o clima que predomina é o equatorial úmido, com temperatura média de 27,9° C, durante a estação menos úmida e de 25,8° C, na estação mais chuvosa.
Temos a maior floresta do mundo, com aproximadamente 7 milhões de km², com bioma ocupando cerca de 49% do território brasileiro, equivalente a 1/3 das reservas de florestas tropicais úmidas que abrigam a maior quantidade de espécies da flora e da fauna.
O desmatamento destrói não só a imensa riqueza, como também é responsável pelo grande impacto nas chuvas do Brasil, provocando alterações climáticas de todas as ordens, gerando aumento de temperaturas, secas rigorosas com estiagens prolongadas e até alagações. De acordo com análise de dados, no período de agosto de 2022 a julho de 2023, foram perdidos 9.001 km² de florestas na Amazônia, que apesar de ter diminuído frente ao resultado de igual período anterior, quando foram desmatados 11.594 km², ainda se configura como muito alto.
Os desafios na Amazônia, como doenças tropicais, altas temperaturas, precária infraestrutura e grandes dificuldades logísticas, põem a prova projetos e planos de quem deseja empreender nesta região.
Proteger o meio ambiente, nestas condições, requer muita determinação porque os efeitos negativos da degradação ambiental exigem das autoridades, além de políticas de enfrentamento como aumento de fiscalização, efetivo humano e tecnologias de monitoramento via satélite, também a utilização de alternativas que possam ferir de morte à lucratividade dessas práticas.
Fiscalizar cada localidade, cada grotão, do imenso território amazônico em busca de devastações, queimadas e uso ilegal de propriedades, é praticamente inviável. O crime ambiental deve ser atacado também quando o resultado dessa prática tenta entrar na economia, atingindo-o ao máximo com grande prejuízo a quem o pratica. Para atingir esse objetivo deve ser aumentada a fiscalização e acompanhamento nas instituições bancárias onde os pagamentos são realizados, nas casas de certificação de ouro, nas madeireiras, frigoríficos, agências de câmbio ou de criptomoedas, nos portos, aeroportos e agências de exportação.
Essas atividades só persistem porque dão bastante lucro, se não já teriam acabado. Os lucros estratosféricos valem os riscos. Vamos intensificar o combate a esses crimes.
Antônio Silva é administrador de empresas, empresário e presidente da Federação das Indústrias do estado do Amazonas e vice presidente da CNI.
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