Cidades submarinas – os oceanos desempenham um papel crucial na regulação do clima global, funcionando como grandes absorvedores de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global
Assim como a água regula a temperatura do corpo humano, os oceanos são fundamentais para manter o equilíbrio climático da Terra, absorvendo cerca de um terço das emissões desses gases. No entanto, apesar de sua função vital na luta contra as mudanças climáticas, os oceanos estão enfrentando ameaças crescentes.
Um dos impactos mais significativos do aquecimento global é sentido nos recifes de coral, berçários essenciais da vida marinha e entre os ecossistemas com maior biodiversidade do mundo. Os corais estão sofrendo devido à poluição, ao aquecimento e à acidificação das águas, consequência do acúmulo de CO2.
O aumento da temperatura leva ao branqueamento dos corais, processo em que expulsam as zooxantelas – algas que vivem em simbiose com eles – perdendo suas cores vibrantes e, consequentemente, sua principal fonte de energia proveniente da fotossíntese.
O declínio dos corais não apenas resulta em perda de vitalidade e cor, mas também em uma estrutura enfraquecida que suporta menos biodiversidade. Apesar de alguns esforços de restauração, nem todos os recifes conseguem se recuperar.
Um estudo de 2020 da Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN) revelou que o planeta perdeu aproximadamente 14% dos corais em dez anos. Embora ocupem menos de 1% do leito oceânico, os recifes de coral são cruciais, pois suportam mais de 25% da vida marinha e são essenciais para a subsistência de mais de meio bilhão de pessoas, além de fornecerem proteção contra inundações.
Alerta vermelho na conservação marinha
Desde o final da década de 1980, cientistas documentaram pelo menos seis grandes eventos de branqueamento em massa de corais, afetando gravemente ecossistemas marinhos em todo o mundo. Um dos episódios mais devastadores ocorreu na Grande Barreira de Corais da Austrália em 2022, onde mais de 90% dos 2,3 mil quilômetros do recife foram afetados. Projeções alarmantes sugerem que, sem intervenção, 70% a 90% dos recifes globais poderão desaparecer até o final deste século.
O registro contínuo de temperaturas elevadas nas superfícies oceânicas, com marcas recordes observadas em 2023, segundo o sistema Copernicus, aponta para uma crise iminente. Entretanto, há esforços de recuperação em andamento, como no Sudeste Asiático, onde ações governamentais concentram-se em áreas criticamente afetadas, a exemplo do Parque Nacional de Komodo, prejudicado por décadas de pesca com explosivos.
Para combater essa tendência de declínio, as estratégias são similares às adotadas no enfrentamento das mudanças climáticas: redução das emissões de gases de efeito estufa e poluição. Iniciativas científicas e inovações, como os projetos da startup brasileira Biofábrica de Corais, que utiliza biotecnologia para restaurar recifes, e experimentos na Flórida que envolvem proteção de corais com guarda-sóis, demonstram uma gama de abordagens possíveis para mitigar os impactos.
Alguns corais do Mar Vermelho exibem resistência excepcional ao aquecimento global, uma característica que pesquisadores aspiram entender e replicar em outros locais. No Instituto Australiano de Ciências Marinhas, esforços estão sendo feitos para desenvolver corais resistentes a temperaturas mais elevadas, visando a preservação da Grande Barreira de Corais.
O fenômeno da fluorescência em corais, interpretado como uma forma de autoproteção semelhante a um filtro solar, simboliza o grito de socorro dos ecossistemas marinhos. Este sinal da natureza enfatiza a urgência de uma ação global coordenada para salvaguardar os recifes de coral, essenciais para a biodiversidade marinha e a sobrevivência de comunidades costeiras em todo o mundo.
*Com informações UM SÓ PLANETA
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