“A crise climática não pode ser combatida de forma isolada; ela exige uma mobilização coletiva, onde todos os setores se unam em defesa do meio ambiente, da economia e do bem-estar da população.” Manifesto dos Empresários
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-Up
Diante dos recentes incêndios que devastaram o estado de São Paulo, provocados em grande parte pela ação humana, surge a necessidade urgente de repensar nossa relação com o meio ambiente. Os eventos climáticos extremos, que antes pareciam distantes, agora invadem nossas cidades, transformando nosso cotidiano em um verdadeiro inferno dantesco, onde todos estão à mercê do fogo e das consequências de anos de inação.
O setor produtivo, em um movimento raro de união e pragmatismo, lançou um manifesto pedindo a formação de uma coalizão nacional para enfrentar a crise climática. Essa iniciativa surge no momento em que o Brasil se prepara para apresentar suas diretrizes na COP30, em 2025, em Belém, e ressalta que o tempo para agir é agora. A cada dia que passa sem ações concretas, a situação só tende a piorar, com impactos devastadores para a economia e para a vida das pessoas. O exemplo do Amazonas – mais uma vazante extrema anunciada sem o contraponto do poder público, apenas soluções criativas do setor privado – é emblemático, dramático e estarrecedor.
Os empresários, conscientes de sua responsabilidade, defendem que não basta apontar culpados. É preciso acelerar a adaptação da economia e colaborar com o poder público na criação de políticas que protejam o meio ambiente e garantam um futuro minimamente seguro para a população. O manifesto é um chamado à ação para todos os setores da sociedade, pois a sobrevivência dos negócios, do ambiente e da espécie humana depende de nossa capacidade de trabalhar juntos e encontrar soluções inovadoras.
Esse é o momento de repensar nossas escolhas, debater as premissas fundamentais que guiam nossa convivência e transformar o Brasil, efetivamente, num protagonismo que se baseia numa potência verde, capaz de liderar a luta contra a mudança climática e garantir um futuro sustentável para todos. Não podemos esperar que o pior aconteça para agir. A hora é agora, e o futuro depende de nossa determinação e coragem para enfrentar os desafios que se apresentam. Nenhum setor, isoladamente, vai equacionar a questão. Isso está claro.
União de Esforços da Sociedade
O manifesto lançado neste 28 de agosto, por mais de 50 lideranças empresariais de algumas das maiores companhias do país, destaca a necessidade urgente de uma coalizão nacional. Este é um esforço que deve envolver o empresariado, os Três Poderes e toda a sociedade civil. A crise climática não pode ser combatida de forma isolada; ela exige uma mobilização coletiva, onde todos os setores se unam em defesa do meio ambiente, da economia e do bem-estar da população.
Essa união de esforços não é apenas uma questão de sobrevivência, mas também de justiça intergeracional. As decisões tomadas hoje determinarão o mundo em que as futuras gerações viverão. Portanto, a coalizão proposta pelo manifesto é necessária e vital para garantir que o Brasil possa enfrentar os desafios climáticos com resiliência e liderança global.
O documento ressalta a necessidade de acelerar a adaptação da economia à nova realidade climática. Isso implica uma transformação profunda nos modelos de negócios e nas práticas empresariais, visando uma economia de baixo carbono. As empresas precisam assumir a dianteira na implementação de tecnologias sustentáveis e na promoção de práticas que minimizem o impacto ambiental.
Essa adaptação, porém, não deve ser vista como um fardo, mas como uma oportunidade. O Brasil, com sua rica biodiversidade e recursos naturais, tem o potencial de se tornar protagonista, gerando empregos, promovendo inovação e garantindo um crescimento econômico sustentável. Quem sabe esta coalizão venha ajudar a diluir a insensatez da polarização… Contudo, isso só será possível se houver um compromisso sério e imediato com uma agenda mínima, comum e assumida com distribuição de tarefas, missões e responsabilidades de todos. O ponto de partida tem que ser a descarbonização da economia e a proteção dos recursos naturais. Disso dependerá o resto.
Combate ao desmatamento e recuperação de areas degradadas é outro ponto crucial do manifesto, que supõe colaboração entre o setor privado e o Executivo na estratégia de combate à degradação. O desmatamento é uma das principais causas da mudança climática no Brasil e precisa ser enfrentado com políticas públicas eficazes e uma fiscalização rigorosa.
O setor privado tem um papel fundamental a desempenhar nesse processo, seja investindo em projetos de reflorestamento, apoiando iniciativas de conservação, ou promovendo práticas agrícolas sustentáveis. Essa colaboração é essencial para garantir que as florestas brasileiras, que são um dos maiores patrimônios do país, sejam protegidas e preservadas para as futuras gerações.
O manifesto também aponta a importância de contribuir com o Legislativo na criação de leis que disciplinem o licenciamento ambiental e protejam as florestas. O Brasil precisa de uma legislação robusta que, de fato, regule as atividades econômicas, e que também promova a conservação dos ecossistemas e a biodiversidade.
Este é outro contexto em que o setor empresarial pode atuar como um parceiro estratégico, fornecendo dados, insights e expertise que ajudem na formulação de políticas públicas eficientes. Além disso, o apoio a iniciativas legislativas que promovam a sustentabilidade é necessário para garantir que as atividades econômicas estejam alinhadas com os objetivos de preservação ambiental.
Com insistência, o manifesto destaca a necessidade de um Judiciário atuante na defesa do direito constitucional ao meio ambiente. Isso significa que o Judiciário deve garantir que as leis ambientais sejam cumpridas e que os direitos dos cidadãos sejam protegidos contra práticas que ameaçam o meio ambiente.
O incentivo a um Judiciário forte e independente é essencial para que o Brasil possa cumprir seus compromissos internacionais e proteger seu patrimônio natural. Empresas, organizações e cidadãos devem colaborar para garantir que a justiça ambiental seja uma realidade no país, promovendo o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
É claro e ululante que o setor privado do Norte está envolvido ou se envolverá com as diretrizes do manifesto. Sabemos que este é um importante passo na direção certa, e que a responsabilidade é de todos nós. A crise climática é um desafio sem precedentes, que exige coragem, inovação e, acima de tudo, ação. Não podemos mais adiar as decisões que garantirão a sobrevivência do planeta e a dignidade das pessoas.
A indústria da Zona Franca de Manaus, durante décadas, alertou o país para a necessidade de manter a cobertura vegetal da Amazônia protegida como contrapartida da economia sem chaminés. Agora, que a questão climática se agravou, o Brasil tem a oportunidade de liderar essa transformação global, mas para isso, precisamos de uma mobilização geral, em defesa do meio ambiente e da vida. A hora é agora, e o futuro está em nossas mãos.
Leia aqui mais sobre o Manifesto
Alfredo é filósofo, foi professor na Pontifícia Universidade Católica em São Paulo 1979 – 1996, é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, ensaísta e co-fundador do portal Brasil Amazônia Agora
O que causou os recentes incêndios no estado de São Paulo?
Os incêndios foram provocados em grande parte pela ação humana, agravados por condições climáticas extremas.
Por que é urgente repensar nossa relação com o meio ambiente?
A frequência e gravidade dos eventos climáticos extremos têm aumentado, afetando diretamente a qualidade de vida e a segurança das pessoas. Repensar essa relação é crucial para evitar desastres maiores e garantir um futuro sustentável.
O que é a coalizão nacional proposta pelo setor produtivo?
A coalizão nacional é uma iniciativa proposta por líderes empresariais para unir todos os setores da sociedade na luta contra a crise climática, buscando acelerar a adaptação da economia e promover políticas públicas eficazes.
Qual é a importância da COP30 para o Brasil?
A COP30, que ocorrerá em 2025 em Belém, é um evento internacional onde o Brasil apresentará suas diretrizes para enfrentar a crise climática, destacando a importância de ações imediatas e concretas para proteger o meio ambiente.
Como o setor privado pode contribuir para a preservação ambiental?
O setor privado pode investir em tecnologias sustentáveis, apoiar projetos de reflorestamento, promover práticas agrícolas sustentáveis e colaborar com o governo na criação e implementação de políticas ambientais.
O que é a economia de baixo carbono e por que é importante?
A economia de baixo carbono é um modelo econômico que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa. É importante porque ajuda a mitigar as mudanças climáticas, promovendo um desenvolvimento sustentável e reduzindo os impactos ambientais.
Quais são os principais desafios enfrentados pelo Brasil na proteção da Amazônia?
Os principais desafios incluem o desmatamento ilegal, a falta de fiscalização eficaz, e a necessidade de conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação ambiental.
O que significa justiça intergeracional no contexto da crise climática?
Justiça intergeracional refere-se à responsabilidade de garantir que as decisões tomadas hoje não comprometam o bem-estar das futuras gerações, especialmente em relação à preservação ambiental e à mitigação dos impactos das mudanças climáticas.
Como a sociedade civil pode participar da luta contra a crise climática?
A sociedade civil pode apoiar iniciativas de sustentabilidade, pressionar por políticas públicas eficazes, participar de movimentos ambientais, e adotar práticas cotidianas que reduzam o impacto ambiental.
Qual é o papel do Judiciário na proteção do meio ambiente no Brasil?
- O Judiciário tem o papel de garantir que as leis ambientais sejam cumpridas, protegendo os direitos dos cidadãos e assegurando que práticas que ameaçam o meio ambiente sejam penalizadas.
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