“A Amazônia não pode esperar menos do que uma conferência que produza resultados práticos, com ações concretas que atendam às suas necessidades e desafios. O somatório de forças será fundamental para transformar o potencial da região em realidade, criando uma Amazônia mais forte, justa e ambientalmente equilibrada para as futuras gerações.”
Por Nelson Azevedo
_____________________
Com a proximidade da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a ser realizada em Belém, os olhos do mundo se voltam para a Amazônia, palco de desafios ambientais urgentes e riquezas naturais imensuráveis. A Amazônia, há muito tempo vista como um patrimônio ambiental global, carrega hoje a expectativa de que essa conferência marque um divisor de águas na maneira como o mundo, e o Brasil, tratam as questões climáticas, sociais e econômicas relacionadas à região.
Construção da interatividade
A COP 30 representa um grande evento internacional e traz consigo uma oportunidade única para os amazônidas. Espera-se que, decididamente, o debate ambiental ganhe espaço, mas também que a população local seja inserida de maneira central nas discussões, resultando em ganhos sociais e econômicos duradouros. O maior legado que a Amazônia pode esperar desse evento é a construção de uma ponte sólida entre os diversos setores da sociedade, promovendo uma união que seja capaz de, finalmente, integrar de forma efetiva as demandas ambientais com as sociais e econômicas.
Expectativas e desafios
O agravamento dos fenômenos climáticos, como a seca extrema que afeta os rios da Amazônia, já não pode ser ignorado. Por dois anos consecutivos, testemunhamos o impacto devastador dessa estiagem, que afeta não apenas a biodiversidade, mas também a subsistência de milhares de comunidades ribeirinhas, indígenas e populações urbanas dependentes desses recursos. A COP 30 surge como um palco para que se discutam não apenas as questões ambientais de forma abstrata, mas as realidades locais, que clamam por soluções urgentes.
Infraestrutura sustentável
Entre as expectativas dos amazônidas, destaca-se a oportunidade de que a conferência sirva como catalisadora para investimentos em infraestrutura sustentável e políticas públicas que promovam uma economia mais inclusiva e integrada à preservação da floresta. As comunidades locais esperam que a COP 30 fortaleça o debate sobre a valorização da bioeconomia, aproveitando os recursos da floresta em pé para gerar riqueza, sem desmatamento, e criando um modelo de desenvolvimento que seja replicado em outras partes do mundo.
Ganhos para a Amazônia
A maior conquista que a Amazônia pode esperar da COP 30 é a interatividade entre os setores produtivos, o governo, as organizações não-governamentais e as comunidades locais. É essencial que o setor privado, especialmente as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus e em outros polos econômicos da região, se engajem ativamente nas discussões sobre sustentabilidade, contribuindo com soluções inovadoras que alinhem crescimento econômico com preservação ambiental.
Diversificação da economia
Essa união pode resultar em ganhos concretos para a Amazônia, como o fortalecimento, diversificação e regionalização da economia e o fortalecimento da indústria e da bioindústria e a criação de políticas de incentivo ao uso sustentável dos recursos naturais. Além disso, a interatividade entre os setores pode propiciar avanços significativos em termos de distribuição de renda e criação de oportunidades para a população. Um modelo de desenvolvimento sustentável só será bem-sucedido se incluir e valorizar as pessoas que habitam a floresta, garantindo-lhes condições dignas de vida, acesso à educação e qualificação para novos postos de trabalho que surjam com a economia verde.
A relevância social e econômica
A COP 30 também oferece uma oportunidade de revisitar e redefinir políticas públicas voltadas para a região, com um olhar mais atento para as necessidades sociais e econômicas. A Amazônia ainda é marcada por uma grande disparidade na distribuição de renda e por índices de desenvolvimento humano que se assemelham aos de países africanos. Isso precisa mudar. O evento pode ser o início de uma virada, onde a Amazônia deixe de ser vista apenas como um celeiro de recursos naturais, para ser reconhecida como uma potência socioeconômica, capaz de prosperar a partir de seu próprio patrimônio ambiental.
Mutirão interinstitucional
A união de esforços entre governos, empresários, cientistas, ativistas e, principalmente, as comunidades locais, poderá gerar um ambiente mais próspero para todos. Investimentos em tecnologia limpa, iniciativas de turismo sustentável e o fortalecimento da infraestrutura local podem transformar a realidade econômica da região e proporcionar uma maior inclusão social.
Unidade na diversidade
A melhor coisa que a Amazônia pode esperar da COP 30 é o fortalecimento da interatividade entre os setores da sociedade que habitam este norte tão portentoso em riquezas naturais, mas ainda depauperado em termos de políticas sociais e maior distribuição de renda. O legado que esse evento pode deixar para a Amazônia é unidade na diversidade, a construção de uma nova mentalidade que promova a cooperação entre os diferentes atores sociais, trazendo ganhos mútuos para todos e garantindo que o desenvolvimento sustentável seja, de fato, o caminho a ser seguido.
Somatório de forças
A Amazônia não pode esperar menos do que uma conferência que produza resultados práticos, com ações concretas que atendam às suas necessidades e desafios. O somatório de forças será fundamental para transformar o potencial da região em realidade, criando uma Amazônia mais forte, justa e ambientalmente equilibrada para as futuras gerações.
Nelson é economista, empresário e presidente do sindicato da indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.
Comentários