A Amazônia, conhecida por seu papel fundamental no equilíbrio climático mundial, enfrenta mais um desafio alarmante: a mudança climática estão afetando a capacidade de suas árvores realizarem fotossíntese. Esse processo vital, que permite a produção de energia e a absorção de carbono da atmosfera, está sob risco, de acordo com uma recente investigação internacional, da qual participaram pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).
O estudo, que decorreu ao longo de duas décadas, foi publicado na prestigiada revista científica Nature. Os resultados indicam que a elevação da temperatura global está levando as árvores da Amazônia a um ponto crítico, prejudicando a saúde da floresta e sua capacidade de atuar como um dos principais sumidouros de carbono do planeta.
Humberto Ribeiro da Rocha, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, oferece uma explicação preocupante sobre esse fenômeno. “A fotossíntese das árvores de florestas tropicais atinge seu pico de produção entre 24ºC e 28ºC,” afirma Rocha. No entanto, medições recentes feitas pelos pesquisadores na Amazônia revelaram que a temperatura média das árvores ultrapassou os 34ºC, chegando, em alguns pontos da copa, alarmantes 40ºC.
Mudança climática leva as árvores da Amazônia a ponto crítico, que pode causar a morte das folhas
Estas descobertas evidenciam a urgência em combater as mudanças climáticas e proteger a Amazônia. Além das ameaças diretas, como desmatamento e exploração ilegal, a floresta agora luta contra as consequências indiretas das ações humanas no clima global.
A repercussão deste estudo reforça a necessidade de ações internacionais coordenadas para mitigar as mudanças climáticas e garantir a preservação da Amazônia. A floresta não é apenas uma fonte de biodiversidade; é um componente essencial para a saúde e o equilíbrio do nosso planeta.
Mudança climática potencializa colapso das florestas tropicais
A elevação nas temperaturas globais, além de apresentar consequências diretas e tangíveis, tem desencadeado uma série de efeitos colaterais devastadores para as florestas tropicais. Uma pesquisa internacional, publicada na revista científica Nature, revela que a mudança climática não só afeta o regime de chuvas, mas também compromete o funcionamento natural das folhas das árvores.
O estudo, realizado em florestas tropicais da Amazônia, África e Ásia, combinou análises de satélites de alta resolução com investigações em campo. Liderado pelo professor Chris Doughty, da Northern Arizona University, o trabalho contou com a colaboração de cientistas da Universidade de São Paulo, França, Reino Unido e Austrália.
Os pesquisadores descobriram que as elevadas temperaturas comprometem as trocas gasosas das folhas com o ambiente e sua transpiração, resultando na morte destas. “A resposta de um ecossistema a esse aquecimento é imprevisivelmente complexa”, ressalta o professor Humberto Ribeiro da Rocha, da USP. Ele destaca que a temperatura das folhas supera a temperatura do ar, sugerindo que um aumento global de 2°C a 3°C pode elevá-la nas folhas em até 8°C – um cenário catastrófico para as florestas.
Este outubro, a Amazônia testemunhou uma estiagem sem precedentes. Grandes rios foram substituídos por vastos bancos de areia, e, em 10 de outubro, Manaus registrou um pico de 40,0°C, a temperatura mais alta desde 1910, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia.
Drª. Sophie Fauset, da University of Plymouth, adverte sobre as implicações globais. “As árvores são cruciais para a resposta climática do planeta. Se as florestas tropicais, responsáveis por abrigar biodiversidade e regular o clima, forem afetadas, perderemos uma defesa vital contra as consequências da atividade humana”, afirma.
O estudo reitera a necessidade urgente de ações concretas para combater as mudanças climáticas. Enquanto a Amazônia enfrenta a dupla ameaça do desmatamento e das alterações climáticas, a saúde de nosso planeta continua em jogo.
*Com informações CLIMA TEMPO
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