Tecnologia criada auxilia na ampliação de negócios na Amazônia e facilita relação de extrativistas com a floresta
A Inatú Amazônia, em parceria com o Idesam e financiada pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), apresentou seu novo site, aplicativo e plataforma em julho. O objetivo dessas inovações é facilitar a gestão de colheita, produção e comercialização de produtos da sociobiodiversidade amazônica, como óleos essenciais e vegetais.
“O PPBio custeou a implantação, a execução e todo o processo de elaboração do site, plataforma e aplicativo. Então ele é o principal financiador dessas atividades dentro do projeto Inatú Amazônia Modelo de Negócios de Impacto Socioambiental”, revela Marcus Biazatti, líder da Iniciativa Estratégica Produção Sustentável do Idesam.
Os softwares, desenvolvidos ao longo de 8 meses, visam o rastreamento de insumos, gestão de custos e maquinários utilizados no processo industrial.
Quebrando paradigmas na produção
A nova plataforma da Inatú quebra paradigmas entre o produtor, a floresta e sua relação de trabalho. Essa ferramenta oferece um controle dos custos de produção de forma prática e organizada, permitindo o mapeamento de toda a cadeia produtiva.
Mateus Vinícius, desenvolvedor da plataforma, explica: “Tendo em vista que um mesmo processo pode ocorrer de várias maneiras diferentes e com máquinas diferentes, a equipe de programação junto com os técnicos da Inatú padronizaram algumas etapas básicas que todo óleo ou manteiga deve seguir de acordo com cada matéria prima sendo processada”.
Aplicativo de autonomia e rastreabilidade
O aplicativo auxilia extrativistas e manejadores a mensurar gastos com alimentação e transporte durante a temporada de coleta. “Na criação do aplicativo, tivemos o privilégio de entender sobre extrativismo, criar todo o processo de coletas que o usuário vai utilizar, dando a ele uma rastreabilidade de uso de maneira agregar valor ao seu trabalho em campo”, conta Mauro Lima, desenvolvedor responsável pelo aplicativo.
Canal direto de comunicação
Para o site, a lógica foi pensada de modo a proporcionar um canal direto de comunicação da Inatú Amazônia com seus clientes. Jaime Lima, analista de marketing da Iniciativa de Produção Sustentável do Idesam, afirma que a valorização desses elementos é de suma importância para que as pessoas possam se enxergar dentro do negócio e entenderem que o seu trabalho está sendo valorizado e apresentado para o mundo.
Essas ferramentas digitais representam um grande avanço na gestão de produtos da sociobiodiversidade amazônica, permitindo um controle efetivo e transparente de todo o processo produtivo, desde a coleta até a venda final. A Inatú Amazônia continua a inovar, trazendo tecnologia e sustentabilidade para o coração da floresta.
O que é o projeto Inatú Amazônia?
Inatú Amazônia é uma marca coletiva que surgiu da Iniciativa Estratégica Produção Sustentável do Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia). Com financiamento e apoio do PPBio, ela se baseia na comercialização de produtos extrativistas da Amazônia, como óleos, resinas e objetos de madeira manejada, produzidos por organizações sociais da região. Com um modelo de negócio desenvolvido a partir da demanda das comunidades extrativistas de agregar valor à cadeia na origem, a Inatú Amazônia alcançou, em 2022, a comercialização de R$ 4,9 milhões em produtos, um aumento de 206% no resultado do ano anterior.
A iniciativa apoia e capacita extrativistas e produtores rurais em aspectos como o desenvolvimento de técnicas de beneficiamento da produção na origem, que aumentam a qualidade e o valor dos produtos, permitindo o acesso a mercados mais atraentes. Além disso, faz parte do trabalho do Idesam, a construção de relações estáveis entre as organizações sociais e seus clientes, normalmente grandes empresas de cosméticos e bem-estar, através de contratos de longo prazo. Tendo como objetivo final o mesmo do Idesam enquanto instituição, que é combater o desmatamento ilegal promovendo atividades produtivas que levem em consideração a conservação ambiental e a qualidade de vida das populações locais.
O projeto também enfrenta desafios, como questões logísticas que aumentam os custos de produção, a falta de acesso à energia, a necessidade de diversificação de produtos e o acesso a crédito. Para superar esses obstáculos, o Idesam busca promover a atuação conjunta de diferentes atores, incluindo startups e agentes financeiros privados, para agregar ainda mais valor às cadeias produtivas gerenciadas pelas organizações sociais.
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