Numa conjuntura mundial de conturbações, os palcos da Assembleia Geral das Nações Unidas sempre são aguardados para mensagens significativas. Este ano, na 3ª feira, 19 de setembro, a contundência de António Guterres, o secretário-geral da ONU, deu o tom do evento para governança global
Guterres deixou claro que, na intersecção de tensões geopolíticas, crise climática e ameaças existenciais diversas, o mundo está à beira de uma “grande fratura”. “Nosso mundo está desequilibrado”, alertou, descrevendo um cenário em que tensões e desafios estão em alta e a cooperação internacional parece anêmica.
Ressaltando o alarmante padrão climático, Guterres tocou em um ponto sensível: a crescente frequência de desastres climáticos. Os recordes de temperatura estão, para ele, evidenciando não apenas mudanças na natureza, mas impactos socioeconômicos tangíveis: “economias quebradas, vidas quebradas” e nações inteiras ameaçadas.
Os Combustíveis Fósseis e o Desafio 1.5°C
A questão dos combustíveis fósseis foi o centro de sua narrativa sobre mudanças climáticas. Guterres reiterou que, para limitar o aquecimento global a 1,5°C neste século – uma meta do Acordo de Paris – a humanidade precisa reavaliar sua dependência desses combustíveis. Citando a Agência Internacional de Energia, alertou sobre a incompatibilidade de novos projetos de petróleo e gás com esta meta crucial.
Outra dimensão que merece destaque é o financiamento climático. Países desenvolvidos haviam prometido anualmente $100 bilhões para esta causa. Entretanto, esta meta, que já enfrenta atrasos, está prevista para ser cumprida apenas em 2023. Ministros do Canadá e da Austrália manifestaram confiança quanto ao cumprimento dessa promessa neste ano. Contudo, a falta de rapidez na sistematização dos dados pode fazer com que apenas em 2025 tenhamos uma confirmação. A demora, como era de se esperar, frustrou ativistas e negociadores de nações em desenvolvimento.
Em meio a uma série de desafios globais, o discurso de Guterres serve como um grito de alerta. Reitera a necessidade urgente de um multilateralismo eficaz e da ação coletiva, particularmente no que se refere à crise climática. A mensagem foi clara: o mundo precisa agir, e rápido. O próximo passo? Observar como as nações responderão a este chamado.
*Com informações CLIMA INFO
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