Em 2021, a Amazônia e o Pantanal enfrentam um cenário preocupante com agravamento pelo El Niño. A vazão em 38 dos mais significantes rios amazônicos e quatro pantaneiros permanece alarmantemente abaixo da média histórica, conforme apontado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), embasando-se nas medições da Agência Nacional de Águas (ANA).
O Impacto do El Niño
A causa subjacente dessa queda preocupante na vazão é o fenômeno El Niño, que ainda está em sua fase inicial. Dentre os rios afetados, destacam-se os dois principais afluentes do Rio Amazonas, o Negro e o Solimões, bem como outros gigantes da Amazônia, como Tapajós, Madeira, Juruá, Tocantins, Xingu e Purus.
O cenário atual apresenta implicações devastadoras tanto para o meio ambiente quanto para as comunidades locais. Mortes significativas de peixes e mamíferos icônicos, como os botos tucuxi e cor-de-rosa, têm sido relatadas em lagos e rios da Amazônia devido à falta de oxigênio e às condições adversas da água. Em particular, o Lago do Piranha, localizado em Manacapuru (AM), tem sido um ponto crítico para a morte de botos-cor-de-rosa.
Além disso, a navegabilidade está sendo comprometida em rios cruciais como Madeira, Juruá e Purus. Para muitas cidades e comunidades ribeirinhas nesses biomas, os rios são frequentemente a única via de transporte e acesso, tornando essa situação ainda mais alarmante.
Projeções e Alertas Futuros
As projeções atuais indicam que essa tendência preocupante não mostrará sinais de melhoria até pelo menos dezembro. Ao contrário, o número de municípios afetados por uma seca severa deverá aumentar. Ana Paula Cunha, pesquisadora da área de agrometeorologia do Cemaden, expressa preocupação sobre a extensão geográfica da seca: “A situação atualmente está mais grave no extremo norte do estado do Amazonas e em parte do Pará. No entanto, até dezembro, a expectativa é que essa situação de seca se propague por toda a Região Norte, incluindo o estado do Tocantins.”
A realidade é ainda mais chocante quando contrastada com os eventos de maio e junho, quando o Serviço Geológico do Brasil emitiu alertas de cheia para os rios Negro, Solimões e Amazonas.
Diante desse cenário, é crucial que medidas sejam tomadas para monitorar e responder a essas mudanças. A saúde dos rios da Amazônia e do Pantanal não é apenas uma questão de equilíbrio ambiental, mas também de sobrevivência e bem-estar para inúmeras comunidades que dependem dessas vias fluviais.
A oscilação natural do clima, conhecida como El Niño, está mostrando seu lado mais severo no Brasil, em particular na Amazônia e, agora, ameaçando o Pantanal. As características predominantes deste fenômeno já estão desencadeando uma severa estiagem na região amazônica, com previsões de agravamento nos próximos meses, culminando em um cenário mais desafiador para 2024.
El Niño: Um Fenômeno Climático Prolongado
O El Niño deste ano não só começou mais cedo, mas também continua a se intensificar, com o pico de sua atividade esperado para dezembro. Este fenômeno é notório por trazer condições de seca para a Amazônia, e as instituições meteorológicas brasileiras preveem que, se as precipitações continuarem abaixo do normal, os efeitos da seca serão sentidos com mais intensidade em 2024.
A falta de chuvas está afetando profundamente os rios amazônicos, muitos dos quais já estão registrando vazões abaixo da média histórica. Esta estiagem não apenas afeta a biodiversidade local, mas também tem implicações sérias para as comunidades ribeirinhas que dependem dos rios para transporte, pesca e agricultura.
O Pantanal em Alerta
Embora a situação no Pantanal seja, por enquanto, menos crítica em comparação com a Região Norte, há uma crescente preocupação. Ana Paula Cunha, pesquisadora da área de agrometeorologia do Cemaden, aponta que os cenários indicam um agravamento da situação, especialmente no norte do Mato Grosso.
O Rio Paraguai, essencial para a vida no bioma Pantanal, já está com um nível muito abaixo do normal na região do Alto Pantanal ou Pantanal Norte, no Mato Grosso. Além disso, dois de seus principais afluentes, os rios Cuiabá e São Lourenço, também estão enfrentando níveis críticos de água.
Projeções Futuras e Ações Necessárias
As projeções atuais sublinham a necessidade de medidas urgentes para mitigar os efeitos da estiagem prolongada causada pelo El Niño. É vital que as autoridades e as comunidades trabalhem juntas para desenvolver estratégias que possam ajudar a preservar os recursos hídricos, proteger a biodiversidade e garantir a sustentabilidade das comunidades locais.
A perspectiva de uma seca intensificada em 2024 exige uma resposta proativa agora. O monitoramento contínuo, os sistemas de alerta precoce e as estratégias de gestão de recursos hídricos são alguns dos passos essenciais que podem ajudar a preparar e proteger as regiões amazônica e pantaneira das adversidades climáticas trazidas pelo El Niño.
*Com informações O GLOBO
Comentários