Especialistas vem afirmando que o El Niño não é o único culpado pela histórica e severa seca na região. As mudanças climáticas – outra causa para o fenômeno climático – vem afetando as pessoas em várias frentes, e agora parece estar ameaçando também a data de celebração do consumo, podendo trazer ofertas bem menos atrativas que o costume na Black Friday desse ano
A estiagem no Amazonas está causando preocupações ao setor varejista e coloca em risco as vendas da Black Friday. O BTG Pactual revelou em um relatório que a seca interfere no transporte de mercadorias produzidas na área. Isso terá repercussão nas ofertas da Black Friday, que podem ser menos atraentes que nos anos anteriores.
Conforme o estudo, as categorias mais buscadas na Black Friday incluem software, telefones celulares e eletrônicos. A demanda por programas de computadores deve subir 41% em comparação ao ano passado. A busca por celulares deve crescer 31%, enquanto outros eletrônicos têm previsão de aumento de 15%.
Desafios da Zona Franca de Manaus
A Zona Franca de Manaus é um grande centro produtor desses itens, muito populares durante a Black Friday. Contudo, com a região passando pela pior seca em 121 anos, embarcações maiores enfrentam obstáculos para distribuir esses produtos.
De acordo com o BTG Pactual, balsas são responsáveis por 95% do transporte de produtos acabados e matérias-primas. Estas balsas, porém, têm capacidade para transportar apenas 10% a 15% da carga que os navios de grande tamanho conseguem levar.
Perspectivas de ofertas e vendas
Devido às limitações na distribuição, as promoções da Black Friday podem ser menos numerosas do que o usual. Caso a situação adversa persista em novembro, o relatório sugere que as vendas natalinas também podem ser afetadas.
No entanto, as projeções indicam que a Black Friday pode gerar receitas de R$ 6,9 bilhões este ano, marcando um crescimento de 14% em comparação ao mesmo período de 2022, conforme números da Neotrust.
Medidas adotadas pelo varejo
A situação de seca no Amazonas não foi inesperada. Desde setembro, o setor varejista vinha sendo alertado sobre os potenciais problemas causados pela estiagem. Segundo informações do BTG Pactual, o setor tomou iniciativas para prevenir a diminuição do estoque.
Varejistas maiores optaram por antecipar os pedidos aos fabricantes, enquanto para as empresas menores essa estratégia mostrou-se mais desafiadora. Uma alternativa adotada foi tentar importar matérias-primas da China via transporte aéreo.
Um estudo recente da FGV, referente ao Índice de Confiança da Indústria em outubro, mostrou um aumento de 1,2 ponto nos níveis de estoque em comparação ao mês anterior, alcançando 112,3. Conforme análise do BTG Pactual, quando este índice ultrapassa 100, indica uma superoferta na indústria, o que pode equilibrar a redução da produção em Manaus.
No entanto, mesmo com as ações tomadas, o setor de televisores e equipamentos de áudio são os que mais devem sofrer na Black Friday.
Evolução dos estoques no varejo
Além das preocupações com a Black Friday, o relatório do BTG Pactual sugere que as empresas reconsiderem suas estratégias, focando mais na conservação de caixa e relegando a expansão a um segundo plano, dado o custo elevado de financiamento.
Historicamente, os varejistas brasileiros elevaram seus níveis de estoque do segundo trimestre de 2021 ao primeiro semestre de 2022, antecipando possíveis interrupções na cadeia de suprimentos. No entanto, no segundo semestre de 2022, houve uma redução nos estoques, que voltaram a crescer no primeiro trimestre de 2023.
A partir de dados de 15 empresas analisadas no segundo trimestre, foi registrado um aumento médio de 7% nos estoques em comparação ao ano anterior. Esse aumento foi mais significativo entre varejistas de roupas e calçados, que viram seus estoques crescerem 21% em relação a 2023.
Com informações do Meu Dinheiro
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