Por Régia Moreira Leite
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Pesquisa recente da PwC sobre investimentos institucionais dos próximos anos revelou que , 77% dos investidores institucionais pesquisados pela Empresa disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos. O que é, então, essa sigla da qual se fala muito e todos começam a querer adotar? Embora não me veja atuando no universo acadêmico, posso dizer que passei a entender mais facilmente a prosa do ESG no cotidiano da empresa que dirijo e no contexto fabril onde produzo: o Polo Industrial de Manaus. Aqui, não temos muito tempo para gerar conteúdos, pois precisamos o tempo todo apagar incêndios. Essa, pois, é nossa principal academia chamada realidade de quem fabrica no coração da maior floresta tropical do planeta e com os colaboradores mais criativos e proativos com quem um empreendedor pode contar.
O conceito de ESG, na prática, permite-nos assimilar o que significa sustentabilidade no chão de fábrica, nas relações com clientes, com o poder público, com as demandas da comunidade e com a proteção florestal. Diz a Agenda 21, da ONU, e suas implicações nas propostas do Pacto Global e nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que sustentabilidade é reposição dos estoques naturais e atendimento às demandas sociais. Entendo que estão aí as origens do ESG, essa sigla que se torna sagrada no desafio de proteger a saúde e a sobrevivência do planeta e principalmente assegurar a melhoria da qualidade de vida das pessoas, de todas as pessoas.
Nossa governança de empresas que atuam numa região remota como o Amazonas, desfalcado de infraestrutura competitiva para empreendimentos sustentáveis, exige que trabalhemos em conjunto, dentro das entidades de classe, para assegurar a sobrevivência do todo e de cada um. Isso nos empurra ao colaboracionismo e nos inspira o espírito solidário. Afinal, precisamos apagar os incêndios dos frequentes ataques da desinformação, maledicência ou má-fé contra o programa de ZFM de redução das desigualdades regionais e brigar para que parte substantiva daquilo que produzimos seja aplicado na região. É injusto e inaceitável que de cada R$100 de valor produzido, 75% seja apropriado pelos cofres federais, dados da Receita, enquanto temos os piores IDHs do país.
E foi este o contexto de confisco encontrado pela pandemia da COVID-19 ao desembarcar no Amazonas em 2020. Nossos trabalhadores da saúde não tinham EPIs, os equipamentos de proteção individual, que incluíam álcool em gel, sabão e artefatos de uso hospitalar. Muitos tombaram por falta disso. E rapidamente, as empresas do Polo Industrial de Manaus direcionaram sua capacidade de mobilização para aprender a fabricar EPIs, até então importados da Ásia. Fabricamos e passamos a distribuir graciosamente.
Mobilizamos, também, as instituições filantrópicas que atendemos em tempos de paz e saúde e ampliamos os beneficiários tendo em vista que o desemprego e a fome se alastraram. Passamos a recolher e distribuir alimentos, produtos de higiene e material escolar. Ora, se nossas empresas geram 500 mil empregos e assim ajudam a proteger a floresta, o imperativo do isolamento nos obrigou a criar saídas para cuidar das pessoas e manter seus empregos. Hoje, olhando pra trás, refletindo sobre nossa colaboração, descobrimos que, provavelmente, fomos nós, empresários, mobilizados na AÇÃO SOCIAL INTEGRADA das entidades da Indústria da ZFM, os mais agraciados com a preciosa satisfação que o exercício da SOLIDARIEDADE nos legou. Isso não tem preço.
Vamos contar isso em livro, pois queremos continuar a jornada, afinal seguimos presente no Mapa da Fome e quase 30% dos lares brasileiros continuam passando fome, ou se alimentando com absoluta precariedade. Esse foi o nosso estágio da academia ESG da vida, da dura realidade que ainda não normalizou. Tomara que em breve não precisemos continuar gastando parte substantiva de nossas energias apagando o incêndio de nossa existência como empreendedores da Amazônia, competindo com a economia marginal do tráfico para oferecer condições sociais e socioambientais para nossa gente.
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