Por Alfredo Lopes
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O que são as novas matrizes econômicas de que falamos com mais frequência quando começam os ataques à economia do Amazonas? Poderíamos dizer que são quaisquer atividades complementares às matrizes fabris atuais e seus respectivos suprimentos no processo produtivo e demais serviços e produtos que atendem às demandas diretas e indiretas da dinâmica teimosa do Polo Industrial de Manaus. Uma coisa é verdadeira do nosso ponto de vista: quem entende a história, a necessidade e os direitos do programa Zona Franca de Manaus são aqueles que aqui labutam e definem a necessidade da diversificação produtiva através dos imensuráveis recursos naturais da região.
Em linhas gerais, estamos falando de Bioeconomia dos óleos vegetais, da bioativas e suas aplicações moleculares e nanobiotecnológicas em múltiplas atividades humanas, produção de alimentos com a piscicultura e fruticultura, turismo, precificação de serviços ambientais, comercio do carbono, e ainda incluindo os recursos hídricos, gestão e comercialização desses ativos. Tais recursos, abundantes e mal administrados culturalmente, se somam ao outros também volumosos em quantidade e qualidade no subsolo e demandados pela indústria de fertilizantes etc., etc. Sem falar dos produtos e serviços da indústria 4.0, tecnologia da informação e comunicação.
Pois bem. Em 2015, tivemos uma experiência rica de mapeamento de oportunidades sob o conceito de Nova Matriz Econômica Ambiental, onde assistimos um desfile gratificante de novos caminhos, alguns em andamento, muitos com possibilidade real de poder integrar-se à economia do Polo Industrial. Integrar-se com as políticas e públicas nacionais já é um outro departamento, pois inexiste integração, muito menos política pública que inclua a economia da ZFM. No recente episódio do IPI, em que o preconceito liberal revelou sua enorme disposição para implodir a ZFM, a mídia do Sudeste, porta-voz de desafetos de nossa economia, tratou de maldizer que somos contra redução de impostos.
Relutamos em reconhecer o óbvio: o Amazonas precisa assumir sua sina de Estado apartado. Iremos a lugar algum, porém, com essa má-vontade da União em fazer seu dever de prover a infraestrutura de que nossa região, Amazônia Ocidental, necessita. Um exemplo eloquente é boicote velado – similar ao que ocorre a embromação do PPB – à reconstrução da conexão rodoviária do Estado com o restante do país, a maldita falácia da BR 319. Chega de enrolação e hipocrisia, em nome de interesses inconfessos!
Chega de confisco das verbas aqui conquistadas e legalmente destinadas a diversificação do desenvolvimento, com inovação tecnológica e biotecnológica das cadeias setoriais. Muito mais poderia e deveria ser destinado para o Amazonas. Chega de boicote as alternativas energéticas, notadamente aquela que aproveita as vocações regionais de produção de energia limpa, como a alternativa solar. Há um acordo tácito da União em impedir a produção de placas e demais artefatos de energia solar. Chega de fogueira das vaidades que impediram nos últimos 22 anos o florescimento do polo de bioindústria com o fortalecimento institucional e funcional do Centro de Biotecnologia da Amazônia.
Se você observar a Portaria da “publicização”, a previsão do CNPJ se dará nos estertores de 2022. Aqui ficamos, qual São Thomé, querendo, torcendo, mas precisando ver para crer. A hora é de somar, conjugar o verbo construir na primeira do plural, priorizando atores, interesses e demandas locais, identificar os avanços ensaiados, valorizar o saber local, não apenas acadêmico, mas especialmente o saber tradicional, ponto de partida de investigação e ação focada no interesse social e no mercado que desembarca na prosperidade. E como preparar a a diversificação senão partilhando os trocados da penúria econômica com o capital promissor da disposição do fazer e do acontecer.
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