Em 1998, iniciamos a construção do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, com os recursos das empresas pagos à Suframa. 22 anos depois, com investimentos de US$120 mi, ainda não temos CNPJ, que nos permitiria inaugurar o polo de Bioeconomia. Com ele, em 10 anos, dizem os especialistas, estaríamos produzindo e exportando produtos da biodiversidade amazônica dentro do parâmetro de sustentabilidade que usamos há meio século para gerar empregos e proteger a floresta. Bioeconomia supõe manter a floresta em pé com os recursos da Ciência e Tecnologia, com os quais produziremos em laboratório os itens que a humanidade precisa
Por Nelson Azevedo
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É bem verdade que a taxa de desemprego no país caiu para 12,6% no terceiro trimestre de 2021. Trata-se de uma redução de 1,6 em relação ao trimestre anterior (14,2%). Na comparação com o mesmo período de 2020, houve uma redução de dois pontos percentuais (14,9%). Estamos falando de crescimento do emprego puxado por vagas sem carteira assinada e com salários mais baixos. Foi o que deu para arrumar. Porém, este não foi o caso do Polo Industrial de Manaus, onde as estimativas beiram os 8% de incremento dos postos de trabalho em relação a 2020.
A conversa fiada do IPI
Na expectativa de confirmação iminente do IBGE, já podemos adiantar que se trata de conversa fiada a afirmação segundo a qual o percentual de isenção do IPI para as indústrias do Polo Industrial de Manaus compromete a geração de empregos para outras regiões do Brasil. Temos 0,6% dos estabelecimentos industriais do Brasil e empregamos diretamente em 2021 aproximadamente 102 mil pessoas, com mais de 500 mil empregos indiretos. Deveremos recolher aos cofres federais em torno de R$20 bilhões, mantendo a posição do Amazonas entre os 5 maiores contribuintes da União. Deixem-nos trabalhar e ajudar o país a sair do seu atraso secular.
A insensatez do fake news
Alguns esclarecimentos se fazem necessários. A começar pelo imperdoável equívoco segundo o qual o Polo Industrial de Manaus é beneficiário de repasses diretos de bolsa-empresário a fundo perdido para as empresas que atuam no Amazonas. Conversa fiada e maledicente. Não há um centavo público sequer nas contas das empresas aqui instaladas. Quem diz o contrário e não comprova é promotor de fake news.
Empregos e oportunidades
Além de ser um dos empreendimentos que mais gera emprego no Amazonas e no Brasil, por exemplo, o setor de Duas Rodas, acusado de ser um dos apadrinhados, é aquele que tem atuado para assegurar milhares de empregos diretos na capital e no interior da Amazônia. Empresas como a MotoHonda da Amazônia ultrapassa os 5 mil empregos diretos em Manaus. O setor de bicicletas produziu perto de 1 milhão de unidades no último ano. Este polo de duas rodas gera mais de 14 mil empregos diretos sem depender de recursos do poder público.
Quem aguenta nosso custo Brasil?
Inviabilizar a compensação fiscal do IPI significa perder a batalha do emprego para o narcotráfico, um dos empreendimentos que disputa mão-de-obra com as credenciadas da indústria espalhados pelo interior da Amazônia. Esse concorrente não paga 1centavo de imposto e dissemina insegurança e terror em sua cadeia produtiva. Se nos calarmos hoje, iremos concordar com a tentação destrutiva por parte dos grupamentos interessados na desconstrução da Zona Franca de Manaus. Outro equívoco é afirmar que as empresas que fecharem suas fábricas em Manaus irão para o Sudeste e Sul do Brasil. Quem aguenta nosso custo Brasil?
Sem CNPJ nem BR-319
É importante esclarecer que, há décadas, as entidades de classe da indústria lutam pela diversificação de nossa economia. Em 1998, iniciamos a construção do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, com os recursos das empresas pagos à Suframa. 22 anos depois, com investimentos de US$120 mi, ainda não temos CNPJ, que nos permitiria inaugurar o polo de Bioeconomia. Com ele, em 10 anos, dizem os especialistas, estaríamos produzindo e exportando produtos da biodiversidade amazônica dentro do parâmetro de sustentabilidade que usamos há meio século para gerar empregos e proteger a floresta. Bioeconomia supõe manter a floresta em pé com os recursos da Ciência e Tecnologia, com os quais produziremos em laboratório os itens que a humanidade precisa.
Aplausos à Suframa
Eis porque somos o Estado com mais de 50% de nossa floresta transformada em unidades de conservação, assegurando que a Amazônia continue prestando serviços ambientais imprescindíveis ao planeta. Entretanto, não dispomos de Porto público, nossa energia é precária e onerosa e a comunicação de dados é inadequada e fonte de aborrecimentos. E a Rodovia BR-319, a despeito do empenho da Suframa – merecedora de intensos aplausos – em assegurar o CNPJ do CBA e o asfaltamento de nossa conexão rodoviária com o resto do país, estamos na expectativa de boa vontade da burocracia. E se o leitor prestou atenção até aqui, emos certeza, já descobriu os milhões de empregos que a economia da ZFM quer, sabe e precisa ofertar.
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