Por Wilson Périco
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Após 55 anos de batalha pelo desenvolvimento regional, a economia do Amazonas tem um portfólio robusto para prestação de contas ao contribuinte e demais interessados no crescimento socioambiental e econômico da Amazônia. Construímos uma história inserida na evolução natural do conhecimento, amparada em valores colaborativos e compromissos éticos. Escrevemos, assim, um compêndio de desafios, incompreensões e muitas conquistas, atentos sempre à necessidade da integração e da interlocução proativa com os atores do setor público e privado nacional, conscientes de que os avanços se aprimoram na medida da superação dos conflitos e da aceitação das diferenças de parte a parte. Sempre refutamos o artifício dos conflitos pois nos conduzem a lugar algum. Avançar é se fazer conhecer e oferecer contribuições sólidas que resultam de nossa caminhada e crescimento da brasilidade.
A nosso modo, com recursos próprios e lições aprendidas, depois de décadas empreendendo no coração da maior floresta tropical do planeta, descobrimos que nossa bússola de governança se tornou diferenciada, promoveu o evolução da economia passo a passo com a ecologia sem descuidar das demandas, segurança e satisfação de nossos colaboradores, suas famílias e do contexto mais amplo da vida cultural e social. Essa escolha, seus critérios e especificidades começam a se enquadrar, naturalmente, numa metodologia adotada pelas grandes corporações industriais e de serviços: a ESG – Enviromental, Social and Governance, da sigla em inglês, para traduzir práticas ambientais, sociais e de governança na rotina de uma organização. Essa história começou em 2004 numa publicação do Pacto Global da ONU em parceria com o Banco Mundial. E a ideia central, que se impõe com atualidade extrema neste momento de tensão e mudanças, foi a de construir a interação de fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais e no universo das corporações alcançadas por essas preocupações.
Na semana passada, a convite da AEGEA, diversas organizações e entidades começaram a conversar sobre a relevância e oportunidades de revisitar os princípios que nortearam a maturação e adoção da metodologia ESG: os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a oportunidade de instalar no Amazonas uma experiência já consagrada em Minas Gerais com o protagonismo do setor produtivo. Temos, então, a oportunidade de inserir os. indicadores socioeconômicos e ambientais de nossa região e sua modelagem econômica, de redução das desigualdades regionais, em patamares adequados de governança. Dizendo de outro jeito: estamos cuidando da gestão ambiental e dos direitos e necessidades sociais no processo sustentável de geração de riquezas. Trabalhar em conjunto essa nova visão e condutas no ambiente institucional e corporativo vai tornar mais fácil descrever a relevância, impactos, efetividade e oportunidades do programa Zona Franca de Manaus. Mais do que isso: com o reconhecimento formal da União Europeia, da Organização Mundial do Comércio e, em breve, do Pacto Global das Nações Unidas, vamos caminhar para descrição de nossa contabilidade ambiental.
Como metodologia ESG, o Polo Industrial de Manaus destaca a satisfação do financiamento integral da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), há vinte anos, formando jovens e adultos nas diversas áreas da atividade humana sob o signo da sustentabilidade, pois formamos os jovens para atuar na Amazônia. Destacamos, de modo muito especial, a radicalização de nossa responsabilidade social com a organização do trabalho da Ação Social Integrada, formada em 2020 pelas entidades da indústria da Zona Franca de Manaus. O propósito foi o de combater as mazelas sociais da pandemia e o risco de esvaziamento da economia. Como dar suporte as pessoas com uma economia em frangalhos?
E o passo seguinte, um desafio já assumido, é o de demonstrar que, no conjunto da obra, o Polo Industrial de Manaus, pela natureza de sua atividade e seus códigos de conduta no trato das questões socioambientais, assegura a neutralidade de carbono após cinco décadas e meia de atuação. Como mensurar/precificar, por exemplo, os ganhos socioambientais de uma empresa como a MotoHonda da Amazônia, que ocupa mais de 5 mil colaboradores diretamente, tem uma RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural e participa diretamente dos processos de conservação e reflorestamento de espécies amazônicas? Tudo apenas começa no tempo devido e como resposta às grandes demandas das especificidades regionais.
A Zona Franca de Manaus tem muito o que celebrar e muitos benefícios suprimidos a lamentar. Fosse cumprido o expediente legal de investimentos regionais da riqueza aqui construída, pelo volume de recursos repassados para o poder público a cada ano, na média atual de R$ 25 bilhões, já teríamos avançado muito mais do que nos permitiram na direção de dois parques tecnológicos: um de Biotecnologia, o polo industrial a partir da diversidade biológica, e o de Tecnologia da Informação e Comunicação, a Amazônia 4.0, paradigmas de inovação e sustentabilidade da Bioeconomia. Este é o legado adicional da Indústria e seus formatos de diversificação, adensamento e regionalização. E, insistimos, tais avanços são decorrentes das contribuições da Indústria e não implicam em sua substituição. Daqui por diante, o amadurecimento e disseminação dessa metodologia no ambiente das empresas, amparadas na discussão e adesão aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, temos tudo para afirmar que, decididamente, o programa Zona Franca de Manaus é o maior acerto de política fiscal na redução das desigualdades que separam o Norte/Nordeste do Sul/Sudeste do Brasil.
Em tempo: e em nome das empresas associadas ao Centro da Indústria do Estado do Estado do Amazonas, queremos felicitar, na pessoa do Superintendente da Suframa, Algacir Antônio Polsin, todo o corpo técnico e de serviços dessa autarquia, baluarte das conquistas e superação de obstáculos que marcam a História de nossa economia regional. Vida longa a todos e muito obrigado.
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