Será que o novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, vai acatar a sugestão de aproximar-se do Centro, a partir do momento da definição para vice-presidente, do ex-governador paulista Geraldo Alckmin, e ainda pela mobilização dos principais atores do Plano Real, de combate à inflação e estabilização econômica?
Por Alfredo Lopes
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Coluna Follow-up
A história da humanidade é a síntese de uma expressão pré-socrática segundo a qual tudo muda, à exceção deste enunciado, que segue absolutamente imutável. Isso, porque, ninguém consegue banhar-se duas vezes na mesma água, pois nem a água nem o que se banha serão os mesmos. Esta afirmação, para muitas pensadores, é a mais desconcertante constatação na história do pensamento, quando o assunto é movimento e mudança.
Trata-se de uma certeza anunciada por Heráclito de Éfeso, um filósofo nascido em 540 antes de Cristo. No século passado, Albert Einstein, um dos cérebros mais respeitados pela Ciência, disse algo semelhante na perspectiva da observação cientifica: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”. Que mudanças, a propósito , poderemos especular a partir do novo governo do Brasil em 2023?
Ao Centro, Lula!, disse o editorial da Folha, na noite de domingo do último dia 30, ainda ao calor e vibração da inédita terceira vitória de um presidente da República, após o retorno à Democracia. O texto assinala a importância da alternância do poder e da solidez da democracia brasileira, aliás, este foi o teor da felicitação recebida das grandes democracias do planeta logo após o veredito das urnas.
O editorial ainda recomenda prudência na observância da conjuntura internacional que contempla a guerra na Ucrânia e alta da inflação e dos juros em todo o mundo, o que implica em riscos claros de recessão. Em consonância, não é menos preocupante o panorama econômico do Brasil após a ruptura do teto de gastos e outros tratos equivocados da receita pública. Será que o novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, vai acatar a sugestão de aproximar-se do Centro, a partir do momento da definição para vice-presidente, do ex-governador paulista Geraldo Alckmin, e ainda pela mobilização dos principais atores do Plano Real, de combate à inflação e estabilização econômica?
Pelas escolhas celebradas até aqui podemos supor que sim, e até arriscar que essa questão já foi encaminhado desde 2021. A tarefa da pacificação nacional já está em curso, e ela será conduzida pela própria população que já não suporta a ruptura equivocada que se criou como estratégia de poder, inspirada no “dividir para governar. A palavra de ordem é ou deverá ser a interlocução e a assistência social.
Só assim será possível erradicar a pandemia da exclusão civil. Em sua última mensagem papal, Francisco mencionou esse mesmo desafio que, além de pastoral, é premissa obrigatória de sustentação do capitalismo: “No tribunal divino, a única avaliação de mérito e de acusação é a misericórdia para com os pobres e os descartados”.
“Vamos em frente” nada mais é do que um apelo que se repete ao longo da História da humanidade em caminhada constante de superação. E é, em síntese, o dizem as manifestações das civilizações a favor da democracia brasileira, no último dia 30 de outubro, e que nos reconhecem e nos convidam a retomar o protagonismo ambiental na galeria das nações e das urgências sociais e climática. Noruega e Alemanha anunciam a retomada do Fundo Amazônia, e outras sinalizações que encaminham a revitalização diplomática meritória do Itamaraty. Ir ao Centro significará adesão do setor produtivo e das negociações institucionais de atendimento às demandas sociais.
“Vamos em frente não apenas no modo Heráclito do movimento e no modo Einstein da mudança dos paradigmas. Vamos tomar o banho inclusivo da reconstrução do entendimento nacional, através da conversa proativa, geral e integrada, que prioriza o oceano cívico de nossa boa vontade e cumplicidade nacional, sem rotulação nem crucificação. O inferno não são os outros, muito menos somos juízes e menos ainda réus, apenas passageiros da esperança proativa e criativa, aquela que não depreda a resistência na conquista da prosperidade geral.
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