Atualmente, o agronegócio brasileiro é o setor produtivo mais importante da economia brasileira e tem evitado que a recessão, iniciada em 2014, se transforme em depressão econômica. É o carro-chefe de poderosas cadeias produtivas e de valor que envolvem, direta e indiretamente, diferentes setores, com impactos que se espraiam para a indústria química, a indústria de bens de capital, os setores de tecnologia e informação, o setor de transporte, etc.
Por Paulo Roberto Haddad
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Considerado em seu conjunto, o período de 1900 a 2000 foi de grande progresso econômico do Brasil, quando o PIB cresceu a 4,9% ao ano. Destacamse dois ciclos de expansão: o período 19501960 impulsionado pelo Plano de Metas do Presidente Juscelino Kubistchek (crescimento de 7,38% ao ano) e o período de 1970–1980 conhecido pelos anos do “milagre econômico” (crescimento de 8,63% ao ano).
Contudo, o crescimento da economia brasileira no final do século 20 e nas duas primeiras décadas do século 21 foi pífio, com sequelas de anos localizados de recessão econômica (1980–2020). A partir de dados do Banco Mundial observouse que, de 2001 a 2019, o PIB per capita do Brasil cresceu apenas de 26,3% no período enquanto o PIB per capita da China cresceu 334%.
De qualquer forma, podese observar que, se o Brasil tivesse mantido o ritmo decrescimento do grande salto do PIB de 1950 e 1980, o brasileiro poderia ter hojeas condições de desenvolvimento social (educação, saúde, emprego e trabalho,renda per capita e sua desigualdade, condições dos domicílios: disponibilidade de água, energiaelétrica etc.) equivalentes à média dascondições de vida de um cidadão espanhol ou de um cidadão italiano.São praticamenteduas gerações de brasileiros que desconhecem um ambiente socioeconômico de prosperidade e de desenvolvimento dos campos de oportunidades para a realização de seus sonhos profissionais e familiares.
Nesses anos de baixo crescimento, foram se acumulando graves problemas socioeconômicos e socioambientais no nosso País. O Brasil precisa urgentemente de conceber, arquitetar e implementar um novo ciclo de expansão de desenvolvimento sustentável.Um ciclo de expansão se caracteriza, em geral, por um período relativamente longo (em torno de uma década) de crescimento sustentado, com elevadas e generalizadas taxas de expansão global e setorial, o qual é precedido de um conjunto de reformas econômicas e institucionais que viabilizam a eliminação dos pontos de estrangulamento e de outros óbices à mobilização das potencialidades de desenvolvimento econômico e social, através de umconjunto de inovações científicas e tecnológicas.
Propomos que, no novo mandato presidencial, se busque aretomada do crescimento da economia brasileira através da estruturação de um novo ciclo de expansão por meio de um programa nacional regionalizado de produção de alimentos para a Humanidade, tendo como fundamento o Terceiro SaltoCientífico e Tecnológico da Agropecuária Brasileira, que vem sendo divulgado pelo Instituto Fórum do Futuro sob a liderança de Alysson Paolinelli.
O Terceiro Salto incorpora um conjunto de inovações tecnológicas e científicas que vem sendo desenvolvido por instituições públicas e privadas (uso de sensores, Biotecnologia, softwares de gestão, drones, agricultura de precisão, plantio direto, projetos agrossilvopastoris, etc.) que estão sendo testadas nos últimos anos com imenso sucesso pelo agronegócio brasileiro, sucesso que teria sido maior se a infraestrutura econômica de apoio às atividades produtivas fosse de melhor qualidade.
Atualmente, o agronegócio brasileiro é o setor produtivo mais importante da economia brasileira e tem evitado que a recessão, iniciada em 2014, se transforme em depressão econômica. É o carro-chefe de poderosas cadeias produtivas e de valor que envolvem, direta e indiretamente, diferentes setores, com impactos que se espraiam para a indústria química, a indústria de bens de capital, os setores de tecnologia e informação, o setor de transporte, etc.Contribui para intensa redução do custo da cesta básica que beneficiou ,principalmente, os grupos sociais de baixa renda, para os quais o peso das despesas com alimentos é maior.
O agronegócio não precisa desmatar para se expandir. Segundo pesquisadores da EMBRAPA, se conseguíssemos transferir 50% da tecnologia sustentável para a agricultura, seria possível dobrar a produção de alimentos sem a utilização de novas áreas. Irá precisar, contudo, de melhorar a infraestrutura econômica,como a logística de transporte com uma saída para o Pacífico,a fim de ter acessocompetitivo aos mercados crescentes dos países do Sudeste Asiático.
Texto publicado originalmente em Forum do Futuro
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