Iniciativas inscritas mobilizam cadeias de produtos e serviços socioambientais, artesanato, arte e moda sustentável, produtos alimentícios, soluções tecnológicas, óleos e manteigas, açaí e outras palmeiras etc.
>> Dos 96 negócios inscritos, maior parte está em fase inicial de organização, tração e validação de produtos/serviços (mvp)
>> Juntos, os negócios inscritos faturam anualmente R$ 13 milhões e demandam R$ 22,5 milhões de investimentos para impulsionar seu crescimento
A AMAZ, aceleradora de negócios da sociobiodiversidade com atuação na Amazônia, promoveu, entre abril e maio deste ano, sua segunda Chamada de Negócios.
Como resultado, recebeu 96 inscrições, vindas de 15 estados e também do Distrito Federal, sendo 26 delas originadas do Amazonas e 20 do Pará. São Paulo e Rondônia registram 10 e 5 inscrições, respectivamente.
A Chamada permite inscrições oriundas de outros estados além daqueles localizados na Amazônia Legal, contanto que ofereçam soluções para a Amazônia e se comprometam a iniciar operação na região no prazo de seis meses a partir do início da aceleração.
A maior parte dos empreendimentos inscritos está na fase de organização do negócio e também buscando tração. Embora o edital da Chamada aponte que as iniciativas deveriam estar em operação, mesmo que em fases iniciais, para participar da seleção, negócios em fase de ideia ou validação de ideia também se inscreveram. Dos 96 negócios inscritos, cerca de 40,5% declararam já terem sido acelerados.
“Ficamos bem impressionados com a quantidade de negócios voltados a produtos e serviços inovadores e de base tecnológica. A maioria desses negócios estão em estágio ainda inicial, mas demonstram alto potencial de crescimento e impacto territorial. Apoiar esse perfil de negócio envolve aceitar um nível maior de riscos no investimento, mas quebrar barreiras e construir uma nova economia na Amazônia demanda inovação e apetite por risco. Acreditamos fortemente que a região demanda esse perfil de empreendedores”, avalia Mariano Cenamo, CEO da AMAZ e diretor de novos negócios do Idesam.
Impactos
Dentre as cadeias de valor abordadas diretamente pelos negócios estão produtos e serviços socioambientais, artesanato, arte e moda sustentável, produtos alimentícios, soluções tecnológicas para captação de investimentos, blockchain, óleos e manteigas, açaí e outras palmeiras, etc.
Em 20 dos negócios inscritos, a comunidade onde está inserido o empreendimento ou a região de origem da matéria-prima é sócia relevante do negócio. E em 45 deles a comunidade é consultada, embora não participe das decisões e da gestão do negócio.
Em 71,8% deles (81) há mulheres na liderança, e em 84,3% há pessoas negras e indígenas na liderança. A faixa etária das lideranças inscritas tem maior concentração entre 35 e 39 anos, mas há presença de pessoas entre 19 e mais de 65 anos.
Os negócios inscritos se conectam também por todos os 17 ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) da Agenda 2030 da ONU, sendo que o mais frequentemente acionado é o número oito (trabalho digno e crescimento econômico), seguido pelo 12 (consumo e produção responsáveis).
Dos 96 inscritos, 24 declaram não possuir nenhuma prática de monitoramento do impacto que causa, mas 36 declaram coletar e analisar indicadores de processo e/ou operação do negócio; 12 deles dizem possuir indicadores de resultados/impactos socioambientais definidos, enquanto 13 informam tomar decisões com base na avaliação dos impactos.
Modelos de negócio
Boa parte das iniciativas têm como modelo de negócio B2C (consumidor final como público alvo) – 61 delas se declaram assim. Na sequência, 53 negócios declararam ter como modelo B2B (venda para empresas), e 40 deles B2B2C (empresas que fazem parcerias com outras empresas para chegar ao consumidor).
Muitas das iniciativas operam em mais de um modelo de negócio, e destacam-se ainda empresas B2G (vendem para órgãos públicos) e C2C (negociação direta entre consumidores).
Quanto à natureza jurídica dos empreendimentos inscritos, registra-se a presença de sociedades limitadas, simples e anônimas, cooperativas, associações, microempreendedores individuais e empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI).
Dos 96 inscritos, 64 apresentam faturamento na faixa de R$ 1 mil a R$ 500 mil; 06 entre R$ 501 mil e R$ 2 milhões; e 02 entre R$ 2,1 milhões a R$ 10 milhões.
A soma do faturamento anual dos 96 negócios inscritos é de cerca de R$ 13 milhões, e a demanda total de investimento deles é de R$ 22,5 milhões. Dos negócios inscritos, 42 têm entre zero e 2 anos de atuação.
Negócios mais alinhados à tese de impacto e investimento da AMAZ
O processo de inscrição foi mais detalhado esse ano para os negócios, com inclusão de vídeo pitch, análises de fluxo de caixa e modelo de investimento. Isso possibilitou um entendimento melhor sobre a aderência de cada negócio com a tese de investimentos e aceleração da AMAZ logo na primeira etapa da seleção.
“Recebemos propostas de negócios com maior alinhamento à tese de impacto e investimentos da AMAZ em relação ao ano anterior. São negócios que melhor se encaixam ao escopo do impacto socioambiental que estamos buscando e, também, que possuem um potencial de ganho de escala no território”, analisa Ana Carolina Bastida, gerente de investimentos e aceleração da AMAZ
Ana destaca também que, dentre os inscritos que melhor se encaixam na tese de impacto, há mais negócios liderados por pessoas residentes ou de origem nos estados da Amazônia Legal comparativamente ao ano anterior.
Outro ponto que se destaca no pipeline das inscrições deste ano são negócios cuja atuação se dá em setores como produtos e serviços – 13 deles – e soluções tecnológicas – 9 negócios -, o que pode ser um reflexo do aumento da demanda por soluções relacionadas a carbono e um olhar de setores de tecnologia para a Amazônia.
Próximos passos
A equipe da AMAZ vem analisando os negócios inscritos, e do total de 96, os 30 que melhor se encaixam nos critérios de seleção serão entrevistados e analisados em maior profundidade.
Deste total, entre 10 e 12 serão selecionados para pré-aceleração, dos quais até seis empresas entram no programa de aceleração da AMAZ , recebendo investimentos de até R$ 600 mil.
Sobre a AMAZ
A AMAZ aceleradora de impacto é coordenada pelo Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), e conta com um fundo de financiamento híbrido (blended finance) de R$ 25 milhões para investimento em negócios de impacto nos próximos cinco anos, o primeiro voltado exclusivamente para a região.
Tem como fundadores e parceiros estratégicos Fundo Vale, Instituto humanize, ICS (Instituto Clima e Sociedade), Good Energies Foundation, Fundo JBS pela Amazônia e PPA (Plataforma Parceiros pela Amazônia). Conta também com uma ampla rede de parceiros como Move.Social, Sense-Lab, Mercado Livre, ICE, Costa Brasil, Climate Ventures e investidores privados.
Fonte: IDESAM
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