Isto quer dizer que entre os desafios do poder público, e sem ser novidade, está o de buscar alternativas para ocupar estas pessoas, já que na escolha entre a rentabilidade e o emprego, sobrará sempre o desemprego. Esta variável tem sido e será uma constante.
Por Juarez Baldoino da Costa
_______________________________
A rentabilidade vem também pela automação, aplicada em escala cada vez maior na indústria em geral pelo mundo. Entre as mais visíveis está a da indústria automobilística que utiliza centenas de robôs de precisão substituindo operações manuais executadas antes por centenas de operários. Com a indústria 4.0, os robôs potencializam sua colaboração no alcance de resultados sempre melhorados.
As linhas de produção de componentes eletrônicos em 1980 eram operadas por dezenas de funcionárias preponderantemente mulheres, consideradas mais eficientes por terem atributos como atenção e destreza manual superiores aos dos homens. Os pequenos componentes recebidos a granel eram inseridos manualmente nos orifícios das placas eletrônicas de então, o que exigia um cuidado especial que elas dominavam. Com a invenção das máquinas insersoras automáticas, os componentes eram fornecidos colados em rolos de bobinas, capturados por um bico mecânico que fazia a inserção precisa nos orifícios. Cada máquina destas exigia apenas 1 ou 2 operadores, e as dezenas de operárias de cada linha perderam seus empregos. O reflexo social desta mudança era de tal ordem, que as indústrias até evitavam a divulgação dos planos de automação, deixando para o último momento o comunicado das dispensas de pessoal que haveriam. No Polo Industrial de Manaus houve até casos de indústrias receberem o equipamento durante a noite para causar menor alarde. A rentabilidade diminuiu o custo sensivelmente e melhorou os resultados, só não para o inevitável desemprego.
No Projeto Jaíba em Minas Gerais, área importante de agricultura irrigável com mais de 100 hectares às margens do Rio São Francisco, o Produtor Rural Eriton Jesus de Oliveira, assistido pela EMATER-MG, inventou a Multimarcadora de Covas, uma roda com bicos que preparam o terreno para a inserção de sementes em espaçamentos precisos, puxadas por um pequeno trator. Em 40 minutos a máquina cobre uma área de 1 hectare, ao invés de empregar 8 pessoas e demandar 2 dias de trabalho. O investimento foi de R$ 1.300,00. Neste caso também a rentabilidade diminuiu o custo sensivelmente e melhorou os resultados, só não para o inevitável desemprego.
Obviamente que outras e novas funções sempre surgirão no mercado como têm surgido, e que absorverão parte do desemprego causado pela automação, por novas tecnologias e pelo aumento da rentabilidade, embora em número sempre menor do que o inexorável desemprego gerado. Anualmente milhares de jovens entram na idade que compõem a força de trabalho mas ainda não encontraram a vaga, que vão se somar aos desempregados pela automação nos mais diversos graus.
Este efeito econômico promovido pela tecnologia, ao mesmo tempo em que fragiliza o emprego, permite a redução do custo, beneficiando o comprador.
Henry Ford ao introduzir o conceito de linha de produção, inaugurou uma próspera fase de oferta crescente de emprego em massa; hoje os carros da Ford estão no caminho inverso do uso de mão de obra, mas em compensação seguem na busca de menor custo, e consequentemente mais benefício para o mercado.
No campo com a roda do espaçador de sementes ou na fabricação de celulares, o fenômeno do desemprego pela tecnologia tem sido inevitável.
Isto quer dizer que entre os desafios do poder público, e sem ser novidade, está o de buscar alternativas para ocupar estas pessoas, já que na escolha entre a rentabilidade e o emprego, sobrará sempre o desemprego. Esta variável tem sido e será uma constante.
Roma antiga inventou as Olimpíadas como também uma forma de ocupação da população; o importante é ocupá-la com as práticas do bem.
Administrar o desemprego é uma atividade pública, e das mais importantes.
Comentários